RISOS DE EGOS X RISOS DE EUS
(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)
Preciso rir, como pensam haver rido Sara? (Gênesis, Capítulo 18, versículo 12) Não, o riso, sem necessidade de músculos em atividade, seriam muitos (músculos), segundo a miologia, acho que a Sara propriamente não teria ativado nenhuns dos dela, para explicar o que seria esse fenômeno da gelotologia. O riso, tanto o dela quanto o meu, são risos que se não dimensionam como sendo dela nem como sendo meu. Pois Sara, privilegiada da vontade do divino, não riu com riso estampado na sua face. Aliás, o riso dela e o meu, que – já o disse – não se conciliam com nenhum meu e nem com nenhum dela, não encontram contorno facial nenhum, senão a indimensão do eterno e do infinito. É que a Sara e o eu, melhor será dizer o mim, que ora escreve, em termos da risada aqui em destaque, somos risos do divino e, por isso, não nos submetemos a uma face, nem a um conjunto de músculos tão essencial a quem, como nomeada mulher, há de se apresentar no estado alegre de uma alegria de uma beleza sorridente. Desse sorriso, fácil me é intuir que a jovem virgem, Maria, se desmancha em sorriso também o mais centralizador de eterno, de infinito, assim no “faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas, Capítulo 1, versículo 38). Sem olvidar que o próprio Abrão, já então Abraão, também riu (Gênesis, Capítulo 17, versículo 17). E ele e ela são resididos do Eu, o Eu no meu mim de carne, e o ele e o ela, sem serem os de carne propriamente, riem, riem, riem, continuam rindo, sem necessidade, aqui, de um ontem, de um hoje, nem de um amanhã, nem mesmo da necessidade de um adverbial aqui. Cuida-se de risadas sem risos faciais, mas perenes, eternos, infinitos, risos essenciais que riem dos acidentais ele e ela e do mim de mim de uma carne. O ele e o ela também de carne, contudo, propiciando que um residente permaneça permanecido sem mentiras de uma epifania, importante para ele e ela e para o meu mim, coitados, pois são alvos constantes das risadas, risadas sem estado de menoscabo, mas tão propriamente como o inevitável de um efeito em espírito, de espírito, por espírito, sempre pronto, desmanchando o acidental do ser de cada um, provado, enfim, que eterno é eterno (sem fim), infinito é infinito (sem limite), centrais, estáticos, essenciais. Os olhos de espírito em mim resididos riem, portanto, dos acidentais, dinâmicos, periféricos, ela e ele, de Sara e de Abraão, como assim do pobre mim que se acostumou como propriedade minha do meu ele, portanto. E assim, o infinito, o eterno riem do ele e do ela e do mim, pois a Sara que se pensa de ontem é de agora e dos amanhãs finitos, contudo, em força de espírito, em espírito, por espírito do Eu, perenizado no eterno e no infinito que os contêm e os devoram no estado do sem fim e do sem limite… A não ser assim, infinitos não poderiam ser, eternos, idem. Dissipem-se, portanto, quaisquer átimos de sentido de um rir de gargalhada, de mofo, de desprezo ou de menosprezo. Pois o eu no meu mim, pela vontade do divino, vontade nunca minha, portanto, é quem ri, riu, rirá, nessa faixa estreita de lapsos temporais, pequenos, limitados ao tamanho do mim, tanto o meu como o do ele e do ela da Sara e do Abraão e da Maria, também! Pois quem ri, sem necessidade de flexões verbais temporais, é o Eu residido nesses ele e ela e mim de mim e de Maria, também, vale a insistência!
– Leitor caríssimo, leitora caríssima, quais risos sem estampas, assumam-se-nos em Eus de… D-Eus!