QUE POBRE CONSOLO!

QUE POBRE CONSOLO!

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Paulo Apóstolo, escrevendo aos seus irmãos, residentes na cidade de Tessalônica, teria assentado enfaticamente e enfaticamente assentado: “Eis o que temos a vos dizer, de acordo com a palavra do Senhor: nós, os vivos, que ficarmos em vida até a vinda do Senhor, não passaremos à frente dos que tiverem morrido. Pois o Senhor mesmo, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, descerá do céu. E então ressuscitarão, em primeiro lugar, os que morreram em Cristo; depois, nós, os vivos, que ainda estivermos em vida, seremos arrebatados, junto com eles, sobre as nuvens, ao encontro do Senhor, nos ares. E, assim, estaremos sempre com o Senhor. Reconfortai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” (1ª Tessalonicenses, Capítulo 4, versículos 15 a 18). Considerando que o Reino prometido não é deste mundo, como bem o disse Jesus, ao ser interrogado por Pilatos (João, Capítulo 18, versículo 36), fica, aqui, com as cautelas necessárias, o zelo que, como reles cronista, havemos de ter para com o referido Apóstolo, abstraindo o sentido intelectivo das linguagens (dele e minha, nossa), preferindo, a vontade de Deus, e não e nunca a minha vontade, preferindo, a vontade de Deus, e não e nunca, também, a vontade de carne do Apóstolo, a vontade de Deus – vínhamos dizendo – preferindo dispensar o sentido denotativo das palavras colocadas em sua boca (do Apóstolo), e nem mesmo assim podendo valer imaginações, ao menos, acerca de conformação de um Reino Celestial, este sem presença física de ninguém, mormente de quem Espírito (João, Capítulo 4, versículo 24). Por certo, não se há de limitar a uma presença, muito menos em um estado de matéria, com água evaporada, em forma de nuvens, com ele Apóstolo e os seus irmãos arrebatados, acima delas, no encontro com o Senhor, nos ares! Toda aquela narrativa posta na boca e pela mão apostólica de Paulo assume, isto sim, flagrante tendência da parte de quem, em sua carne, vive – ressalvados o amor de Cristo e a vontade de Deus -, vive – vínhamos dizendo – o Mal (Romanos, Capítulo 7, versículos 14 a 25, 1ª João, Capítulo 5, versículo 19, parte final, 1ª Pedro, Capítulo 5, versículo 8 e Jó, Capítulo 1, versículo 7), certo sendo que, em primazia de primazia, não é a carne, mas Deus em nós e o Eu divino residido na minha carne, quem, por amor (o primeiro), e, em espírito, de espírito, por espírito (o segundo), como assim o Eu divino em ti também, leitor, leitora, quem – assim dizíamos – numa conformidade sem fôrma, forma o céu aqui na terra, sem aparências humanas, sem ideias de filas como de uns morridos precedendo a outros, pois estes (os morridos), em verdade, nunca morreram nem morrerão nem morrem bio-morte nenhuma, já que eternos e infinitos, quais Deus, em salva inex-istência de sempre e em salva inex-istente ausência de limites. É que a morte desses morridos é a daqueles que vencem o mundo enquanto ainda viventes os resididos dos Eus divinos morridos para o céu, neste cenário deste mesmo mundo de pouso do Mal e de meras ilusões. Nisto, isto é, nos Eus divinos morridos para o céu, age Deus, num agir de compreensão humana, pobre compreensão, com adjutórios (humanos), tais como os dos encarnados bons samaritanos; tais como os dos encarnados assistentes no enchimento de talhas com água que se transforma em vinho; tais como os dos encarnados que tiram a pedra de sepulcros de mortos já malcheirosos; tais como os dos encarnados que, após duvidar, por vezes, aceitam mergulhar em rio de águas curativas; tais como os dos encarnados que perdoam setenta vezes sete; tais como os dos encarnados que respeitam os estágios naturais da vida, preservando-se de prodigalidades; tais como os dos encarnados que aceitam lançar sua rede de pesca à direita do barco; tais como os dos encarnados que não atiram a primeira, quanto mais outras tantas e tantas pedras e muitas e muitas outras situações e adjutórios religiosos e santificantes que concorrem à integração inconsciente do Eu divino com Deus, na inexata indimensão de eternidade e de infinidade Deste. E é assim que esse mundo de Mal termina finando-se, assemelhando-se ao sumir-se paulatino da lesma, à proporção que anda, que anda, que anda, que anda, ou seja, destruindo-se por si própria (Salmos, 58, 9). Então, a ênfase humana constante da passagem de Tessalonicenses, ora em comento, como solitariamente filha da tendência do Mal, arroga-se, em carne, como providência divina, porém jamais prevalecente ante a providência de Deus em nós e no Eu divino nesse nós, mesmo que inconscientemente. Daí não se dever concordar com a flagrante aberração imerecida ao Apóstolo, em forma de arremate, como dizendo a carne de Paulo, em consolação, no versículo 18, Capítulo 4, de 1ª Tessalonicenses: “Reconfortai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras”.

Que pobre consolo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *