PERGUNTA QUE CONVÉM FAZER
RESPOSTA QUE CONVÉM SE DAR
(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)
Jó 2: 9. Então sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre.
Jó 2: 10. Porém ele lhe disse: Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal?
O mal a que Jó se refere é de Deus ou do próprio mal? E o recebimento do mal em um futuro do pretérito, o que quer dizer? Note-se que o recebimento do bem é colocado em futuro do presente. Colocado assim, quero, em pobre querer meu, que se deixe Deus, por ser amor, livre de insinuações, tanto mais de afirmação direta de mal como Dele advindo. Pois se flagra em desmedido engano quem O desvia para essa via autoral de maldade. Aliás, realça o mal a própria pergunta, num futuro pretérito nunca passível de consumação da parte de quem é amor. É claro que, de Deus, onipresente, onipotente, onisciente, o próprio mal, mistério para a finitude do homem, era-Lhe, contudo, como tudo enfim, do sempre (do eterno) e do sem limites (do infinito). Não cabe sequer parecer-Lhe o elemento surpresa, por ter Lúcifer, anjo que o assistia no céu, aceitado o nascer de uma semente tão perigosa. É próprio do amor divino não pôr limites; o contrário seria o mesmo que O negar. Por isso, a liberdade plena, fruto do amor, mesmo no caso de um ente do céu, como o tal anjo, o desejo de ser Deus, com o esplendor de sua beleza, explica o comércio que pretendeu fazer dela. Debalde, contudo; Miguel arcanjo, ele que é mesmo o Cristo Unigênito, guerreou contra Lúcifer, vencendo-o, no sentido de trazê-lo preso. Ainda assim, o amor de Deus não o teria sido (amor), caso fizesse de sua derrota um despojo. Não o fez assim, mas o precipitou para o mundo. Ora, isto leva à inevitável conclusão de que o ser que tecla e produz este texto e os que o leem, por serem do mundo, criados do barro, com alma que os fazem viventes, carregam, consigo, a carga de maldade a que a coragem e honestidade do homem paulo dito apóstolo destinou aos romanos de sua época de vivo da vida tão abundante que se nos destina, enfim… É o Lúcifer agora não mais Lúcifer, mas o precipitado anjo que, neste mundo, se disfarça em falante serpente. E todos os homens e mulheres, sem exceção, carregam-no consigo, na carne. Pois somos não habitantes de um jardim edênico de delícias, mas reais habitantes do mundo, este que é exatamente o imenso derredor daquele saudoso jardim. Disso nos faz provado e comprovado a atenta leitura de Jó, 1, 7, de Romanos, 7, 14-25, de I Pedro, 5, 8, de I João, 5, 19, parte final. Convém, então, não prosseguir sem tomar em mãos a Bíblia e ler cada uma das mencionadas referências. Façam assim cada leitor e cada leitora, sem largar sua condição de mundo de uma encarnação a que se não pode fugir, sendo mesmo basilar como ser e a não ele ser propriamente poder se acercar de Não-ser. Esse Não-ser, também anjo, porque do céu, é, no homem, uma realidade do mal, e sua condição de céu, ainda nele presente, pobre carne de homem que jamais, de fraca, o poderia enfrentar. Mas unicamente Deus, pelo Unigênito Filho, o Cristo, sim! Então, nessa condição, desprevenidos do estado de inocência, homens e mulheres livram-se do carimbo dos herodes e dos pilatos, e dos anás e dos caifaz, e dos pedros que negam, e dos judas que traem, e dos joões e dos tiagos que trovejam pessoais pretensões, e dos paulos que pessoalizam graças, se e quando e quanto, em limite de carne, solidários com os homens e solitários com Deus, busquem o armistício com o mal para uma vida social de paz, de concórdia, de compreensão e, destarte, passarem a uma Páscoa suave do sossego do bom viver irrepetível. Eis o facilitador, no agrado ao divino, para que o aspecto celeste do angelical transformado em serpente, neste mundo, caia na esparrela de lutar contra o Filho amado, o Cristo, e perder tantas quantas sejam as guerras que Deus quiser que se trave entre eles, para resgate do Eu habitante da carne de escolhidos. A vitória é sempre certa para o Cristo, numa batalha espiritual, onde se tercem armas, de um lado, a do mal com eficiência de só poder ferir até o calcanhar, e, de outro, a arma do Cristo, que fere cabeça. É claro que calcanhar e cabeça nesse comparativo se realçam como elementos de sentido conotativo, nunca, pois, que se tenha a realidade de calcanhar nem de cabeça. É que a batalha é espiritual e as armas envolvidas nela, também. Então, recebemos o mal do mal, na carne; e, de Deus, só o bem, só o bem, só o bem, aos Eus resgatados. E Jó deve ter querido dizer exatamente isso…