O ENGANO DE MARTINHO

O ENGANO DE MARTINHO

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Pensei que o velho homem tinha morrido nas águas do batismo, mas descobri que o infeliz sabia nadar. Agora tenho que matá-lo todos os dias” – sentença atribuída ao monge Martinho Lutero. Contudo nem as águas nem a natação ali referidas assomam importantes ao Não-ser. Ambas reportam a uma realidade de carne, e de músculos, e de nervos, e de ossos, que imerge como se purificando com a lavagem operada por aquelas águas e que, logo em seguida emergindo limpa, deixa a sua sujeira ali, naquelas águas. O velho homem, que é o mal, não se afogaria, como já dito, por “saber nadar”. Exatamente este “saber nadar” é o que se apresenta retratado in Romanos, Capítulo 7, versículos 14-25, sim. Então, necessário é que não apenas valha a leitura dos meus pobres olhos de carne; a de todos os que me venham a ler, também. Válido é mesmo abraçar e não escamotear reações inúteis para não ter que viver aquela realidade então corajosamente assumida por ninguém menos que o apóstolo paulo, que só então o grafo diferente com letra inicial maiúscula, se assumo o mal ali então corajosamente (assim digo e repito) assumido por ele. Sim, Paulo, no aplauso nada edificante como propriamente edificante sim é assumir aquela tua assumida realidade, não fujo como “com rabo entre as pernas” de um acuado. Pois realmente, se nos atemos a coisas do mundo como a fórmula batismal, águas como elementos “essenciais” do acidental deste mundo, o Eu, noutras “águas batismais”, molha-se de inex-istente inex-istência do Não-ser eterno (de sempre) e infinito (de ilimitado). Batizar-se assim significa o Eu consoante a divina vontade que o quer livre de enganos, num céu que prescinde de epifania, lugar que se não nomeia no nada celestial da inex-istência divinal. Sim, o velho homem de nada lhe valeria saber nadar, em nada o ofendendo a água onde pudesse saber nadar; tudo não lhe passaria de meras ilusões. Como, dentre estas tais ilusões, passeia, impune, o tirocínio como este de quem ora tecla neste tablet, dirigido em sentido que persegue o elemento lógico de sua própria explicação, coitado. Pois a valia “essencial” do acidental do mundo não intimida em nada o nada do essencial de verdade da verdade, como centro-estático-essencial, mesmo com o Martinho não sucumbindo integralmente, embora já bio-morto, como é natural que assim esteja. Nalgum ponto da planta do mundo, sua realidade transformada é menos, frente ao que nem mais e de mais precise a eternidade e a infinidade do Eu nela veiculada; Eu este que prescinde de águas e, portanto, não assistiria os nem assistiria aos esforços de braçadas fugidias do tal infeliz. Este, se dessas estratégias necessita, conquanto um ente do céu precipitado ao mundo de um fazer de luz (fiat lux), do céu bem essencial igualmente o Cristo, como Unigênito Filho, lhe assume vantajosa dianteira, em poder a mulher e sua descendência aplicar um golpe na cabeça dele mal, não o matando, bem se sabe, mas o mantendo preso, em relação Àquele de filiação poderosa, por milenar período, período este como de uma medida de mundo e nunca do céu – é preciso isto ressaltar. Martinho, Martinho, em vão o teu esforço em perseguir o mal, todos os dias e os dias todos de tua vida. Deixá-lo nadar nadando em vão é mesmo fruto de sua semelhança com a lesma do salmista, in Salmo 58, versículo 9. Ele se mistura e se vai exaurindo como no arrastar do mencionado invertebrado; o mal por si mesmo se destruindo. O Eu não tem que nem tem como guardar preocupações contra quem se delicie em nadar. O mal nada e se desfaz como desfeita é a lesma por causa do seu próprio caminhar. Pois que ele siga o caminho dele propriamente, auto-consumindo-se. E não há em nada como ele reclamar. Sua condição de um precipitado do céu ao mundo explica o amor do centro-estático-essencial para com um ente do céu, o angelical Lúcifer, agora diabo dos disfarces tantos e incontáveis, porém sempre vãos.

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