NÃO HÁ DIA CERTO, NEM HORA, ANTE INFINITO E ETERNO
(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)
Marcos, 13, 32: Quanto ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai.
Ora, quem fala, no texto acima, é o Espírito Santo que, juntamente com o Filho e o Pai, formam a Trindade Onisciente, Onipresente, Onipotente. Contudo, o próprio Espírito Santo está se mostrando insciente, assim ele como o Filho, sobre o dia e a hora. Certo! Certíssimo! É que Onisciente, Onipotente, Onipresente, assim se “inexprime” Deus, Divindade. Tanto que está escrito, mas não é tão correto dizê-lo, que somente o Pai, Deus, a Divindade sabe acerca daquele dia e daquela hora. Aliás, há uma passagem em João que diz que o Pai é maior do que o Filho, basta ler João 14, 28, onde está dito assim, Jesus falando: “… vou para o Pai; porque o Pai é maior do que eu”. No transcendente, eles são um, mas, no imanente, o Pai, Deus, a Divindade é maior que o Filho, maior que o Espírito Santo. Estes são a forma de ser e a possibilidade de se expressar, respectivamente, que o Pai, transcendental, sem ex-istência, sem princípio e, nesse sem princípio, sem referência temporal, espacial, o Pai, que não as precisa ter, porquanto centro-estático-essencial, por certo se vestiu, por especiais humildade e amor, como se isso lhe fosse imprescindível, eis que guerra, no Céu, travada contra o Ele, provocada pelo mistério do mal que o seu Anjo íntimo, Lúcifer, deflagrou, Pai, representado, nessa guerra, por Miguel Arcanjo, que é o Cristo, o Filho, e guerra da qual Lúcifer e um terço dos anjos do Céu saíram dela perdedores e, na sequência, precipitados para a terra do mundo criado a partir dos fiats de Deus, o mesmo Deus que, ao colocar na terra desse mundo o homem, num paraíso, o fez a partir do barro da terra desse mundo, com o seu sopro, tornando-o alma vivente, neste ponto, entretanto, fazendo questão de exibir a manifestação não somente sua, mas a do Filho e a do Espírito Santo, pois não disse simplesmente “faça-se o homem”, mas “façamos o homem” à imagem dele Deus. Está complicado? Pergunta boba, de quem tem trave nos olhos, pensando e admitindo que, por eles, há de enxergar certas verdades. Deus Espírito, nunca confundi-lo com Deus é Espírito, pois se há de O livrar de pequenez de imanência, com tamanho de homem, só que esse livrar não se há de referir a Ele, por inex-istente, ante infinitude e eternidade que O transcende e somente ante esse volátil imanente do mim dos meus nervos, dos meus músculos, dos meus ossos, das minhas glândulas, dos meus sentidos da visão, da audição, do paladar, do olfato, do tato, da imaginação e da memória pode-se fazer passar livramentos de toda a ordem e, então, dizer e compreender essa linguagem nossa, humana, pequena, falha, que faz com que possamos expressar tamanhos dessa imanência que, por vezes, nos enganam, como o tamanho do universo, com os seus astros, todos eles, que a imaginação apenas se pode iludir em abarcá-los assim de uma vez. Então, Deus-Espírito-imanente, criador, é neles; já transcendente, não, porque “indimensionável”, inex-istente! Por isso, em transcendência, a onisciência, a onipotência, a onipresença, nunca por ser Deus maior, porque aí estava-se-Lhe conferindo tamanho, espaço, comprimento, largura, altura, profundidade! Tenha-se, pois, o padrão de maior apenas em expressão imanente, nunca na inexpressão transcendente. E o saber, a onisciência, como a onipotência e a onipresença jamais se expressam, prescindem de manifestação, como por exemplo as dos fiats tantas vezes incompreendidos. Portanto, para o transcendente não pode haver dia certo, só mesmo para a busca tímida e acanhada dos que, imanentes, se limitam a espaços e a tempos, nós, inclusive, esses humanos humildes de húmus com o sopro divino de alma vivente, assim limitados ao imanente.