É PELA GRAÇA QUE A MISERICÓRDIA DE DEUS SE NOS DERRAMA

É PELA GRAÇA 

QUE A MISERICÓRDIA DE DEUS 

SE NOS DERRAMA(1Cor 15,10)

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Paulo Apóstolo, falando a habitantes da cidade de Corintos, na 1ª Carta aos coríntios, aplica, no Capítulo 15, versículo 10, um “sou o que sou” que a muitos pode iludir, porque a Misericórdia de Deus enche a parte fraca – a carne – de fé e, com ela, possibilita qualquer encarnado “perdoar até setenta vezes sete”, por exemplo. Se é só de carne aquela afirmação, razão não assistiria, pois, a Paulo; mas vamos melhor atentar para ela. De graça, ou seja, gratuitamente, Deus Misericordioso suscita certas ações humano-religiosas, conscientes, como adjutórios,  juntamente com as quais, inconscientemente, o Eu divino em meu mim de carne e o Eu divino em teu ti de carne, leitor, leitora, se privilegiam e ficam assistindo à guerra que o Cristo, com arma que fere cabeça, prende o agente do Mal, este que, bem se sabe, de arma, possui apenas e exatamente uma que, no máximo, somente pode ferir até os calcanhares. As ações humano-religiosas, embora, por conscientes, desenvolvidas no estado de uma presença de Mal (Romanos, Capítulo 7, versículos 14 a 25), sem se estar, pois, desligado do ser como pensante, com o ego ali insistente e insinuante e gordo de ânsias, as ações humano-religiosas – vínhamos dizendo – são de variadas formas, podendo-se, aqui, relacionar algumas, pedindo, de logo, perdão por poder parecer (aos profanos) que sejam um tanto cansativas. Ei-las, então: ações humano-religiosas de quem encarna bons samaritanos (Lucas, Capítulo 10, versículos 30 a 37); ações humano-religiosas de quem aceita encher talhas com água que se transforma em vinho (João, Capítulo 2, versículos 1 a 12, especialmente o versículo 7); ações humano-religiosas de quem tem coragem de tirar a pedra de sepulcros com corpo de morto já malcheiroso (João, Capítulo 11, 39 a 44, especialmente os versículos 39 e 41); ações humano-religiosas de quem adocica, por meio de salmos, o coração devorado por violências e guerras (Salmos, de 1 a 150, apesar de 1Samuel, Capítulo 18, versículos 25 a 27, apesar de 2Samuel, Capítulo 11, versículos 1 a 27 e muitos outros episódios violentos); ações humano-religiosas de quem se aceita sucumbido, pela própria força bruta aparentemente suicida, e destrói edificação inimiga e, com ela, os que nela se encontravam em diversões e zombarias (Juízes, Capítulo 13 e seguintes); ações humano-religiosas de quem encarna aceitar a ordem e lança sua rede de pesca à direita do barco (João, Capítulo 21, versículos 1 a 6); ações humano-religiosas de quem se encarna fugitivo, porém, depois, aceita-se obediente para falar de Deus (Jonas, Capítulos 1, 2 e 3); ações humano-religiosas de quem encarna não se deixar recriminar por um “vade retro, satanás”(Marcos, Capítulo 8, versículos 27 a 33); ações humano-religiosas de quem encarna a desnecessidade de ver para crer (João, Capítulo 20, versículos 26 a 29); ações humano-religiosas de quem encarna reconhecer-se com pecado e, por isso, nunca atira nem a primeira, quanto mais tantas outras pedras (João, Capítulo 8, versículos 2 a 11, especialmente o versículo 7); ações humano-religiosas de quem encarna a aceitação, mesmo após duvidar, por vezes, de se banhar em água prometida como de cura (2Reis, Capítulo 5, versículos 1 a 14); ações humano-religiosas de quem encarna o batismo, em água, de religiosos processos que fazem diminuídas as tensões de maldades por respeito aos benéficos efeitos de chacras, em sua dimensão corpórea e psíquica (1Pedro, Capítulo 3, versículo 21); ações humano-religiosas de quem encarna tentar levar de vencida o ego e espera superar tentações (Mateus, Capítulo 4, versículos 1 a 11); ações humano-religiosas de quem encarna conduzir-se por sendas bem-aventuradas (Mateus, Capítulo 5, versículos 1 a 48); ações humano-religiosas de quem encarna comportamentos como ovelhas que aceitam pastores de lobos por eles pastores presos (João, Capítulo 10, versículos 1 a 15); ações humano-religiosas de quem encarna não-prodigalidades, porque tenta uma vida de respeito aos estágios naturais dela (Lucas, Capítulo 15, versículos 11 a 32); ações humano-religiosas de quem encarna a doação de uma esmola, sem permitir anunciar, por trombetas, a satisfação do seu ego (Mateus, Capítulo 6, versículo 2); ações humano-religiosas de quem encarna aceitar não ser digno de entrar e cear com Jesus (Apocalipse, Capítulo 3, versículo 20); ações humano-religiosas de quem encarna como relevantes as ações (como está em Mateus, Capítulo 25, versículo 35) em favor de quem tem fome (de todo tipo de fome), de quem tem sede (de todo o tipo de sede), de quem está nu (de todo o tipo de nudez), de quem está preso (de todo o tipo de prisão), de quem está doente (de todo o tipo de doença). E poderíamos nos deter em citações outras, de exemplos humanos-religiosos que, praticados pelo homem, fazem-no adequar-se a verdadeiros néscios, acaso confie apenas na misericórdia dele (coitada!), quando deveria pô-la na conta de verdadeira Misericórdia com eme maiúsculo, a Misericórdia de Deus. Então, ao dizer Paulo  “sou o que sou”, em vontade que se dissesse sua, tal assertiva seria, portanto, pobre, porque contaminada com a presença do ego que é nele, o ego da capacidade intelectual que é sinuosa, porque serpenteia. Por isso mesmo, ante tal conduta que consistiria em puríssima ilusão, se há de ter todo o cuidado e toda a atenção para afastar essa maldita intelecção e, no seu lugar, firmar-se na certeza de que a graça, a gratuidade que pode fazer um daqueles encarnados só pode mesmo advir de Deus Misericordioso. Deus é gratuito, sim, não é “merecível”, seu acesso ao humano se faz de graça e pela graça Dele. Então, em termos de providência de amor, na minha e na tua carne, leitor, leitora, como resididas do Eu divino, inconscientemente, por vontade de Deus, suplanta-se esse Eu divino imune a influências de carne, inteiramente, por divina e misericordiosa vontade de Deus na consecução daqueles exemplos maravilhosos e de outros tantos; e, eterno, infinito, continua inconsciente no colo de Deus, Espírito; porém, mesmo com a Misericórdia de Deus, o encarnado daqueles e de outros tantos exemplos de ações humano-religiosas, em espírito, de espírito, por espírito, acha-se consciente, está vivo, pensando, o ego à espreita, em ciladas inesperadas e por vezes cruéis, enquanto aquela Misericórdia abranda o coração tantas vezes amargurado, e resulta produzida a humanidade que torna o homem como Filho do Homem. Ser o que se é, como pode sugerir a forma dita por Paulo, como um resultado de ação meramente humana, equivale a iludir-se, pois, nunca, por vontade contaminada de ego, mas sim pela Misericórdia de Deus é que se torna o ego apaziguado, com a vontade do homem anulada pelos exemplos maravilhosos que só a Misericórdia de Deus pode proporcionar. É pela graça, jamais com um “sou o que sou“, é pela graça da Misericórdia de Deus que se derramam, no Eu em meu mim de carne e no Eu em teu ti de carne, leitor, leitora, como no Eu em Paulo Apóstolo já podem ter sido (derramadas), que se derramam – vínhamos dizendo – ações humano-religiosas tantas e tantas e tantas, cabendo, então, respeitoso abandono àquele “sou o que sou“, porque decorrente de egos gordos de tantas ânsias, à evidência, como as  ânsias do próprio autor que, neste ponto, dá por finalizada a presente crônica, sem pretender escondê-las!