DEUS ESPECIALISTA?

DEUS ESPECIALISTA?

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Dizer de Deus um especialista é mesmo persistir numa feição antropomórfica do divino, como que O atraindo para a conformação da realidade de homem, com a carne, os nervos, os músculos, os ossos em prevalência. Isto representa, em senda religiosa, a condição análoga à dos anás e à dos caifaz e, na senda civil e militar, à dos herodes e à dos pilatos; àqueles, enquanto pretensiosos aprisionadores do divino e, a estes, os dominantes de dominados, na cobrança, a contragosto, do salgado imposto, em tempos ditos de paz, ou os das armas que matam, nos tempos ditos de guerra, convindo ainda esclarecer que os personagens referidos alcançam todos os tempos de um curso da História e não apenas ao de suas reais existências singulares de um certo e determinado período dela. Então, fazer Deus como um especialista é conformá-Lo a um grandioso painel de tantas ações Dele como um restaurador de situações periclitantes de vida. Tudo isso porque, no lugar de especialista, se olvida o não-ser essencial Dele e Nele e por Ele e para Ele. Deus não é o essencial sempre amor, crucificado na existência a que se entregou, por imperscrutável desígnio, como amorosa resposta sobretudo ao anjo que O assistia, Lúcifer, tanto que o fez existido, igualmente, na existência de Sua epifania. Esse o maldito que é em mim como nos existidos todos e ainda por existirem, inclusive em sua carne, leitor, como na dos seus descendentes. Apesar de existido como na expressão corajosa de Paulo, in Romanos 7, 14-25, o Mal não perde a condição de ente do céu e é nela, na tal condição, que o combate espiritual acontece para o Eu em meu pobre mim, para o Eu em teu pobre ti, leitor, por divina e exclusiva vontade; sabido e consabido sendo como já acontecido o tal combate para com o Eu em Jesus de Nazaré. Perante o Cristo, Filho Amado, o Mal pobremente armado com arma que só atinge até os calcanhares, terminou preso com a vitoria ocorrida precisamente no segundo e mais importante jardim, o de Getsêmani. Ali, o consumatum est se distancia, e muito, do Gólgota; este, um painel de perversidade dos homens, aquele, a prevalecente vontade do divino: “Não seja feita a minha mas a tua vontade, Pai”. Então, as passagens bíblicas sobre abraão, hagar, ismael, sara, isaque, jacó, os doze filhos deste, em especial judá, levi e josé, moisés, josué, sansão, samuel, davi, salomão, daniel, ezequiel, jeremias, elias, joão batista, jesus, pedro, joão, estêvão, paulo… basta, basta e basta. Todos restaurados mediante um especialista? O especialista Deus? Mas, a batalha, a do céu, sendo entre entes celestes, a saber, Lúcifer versus Miguel (este que é propriamente o Cristo), a da terra também se processa entre entes como tais, conquanto existidos, epifanizados. E justamente após a batalha do céu, Lúcifer, como perdedor, ele junto com um terço de outros anjos, foi precipitado por Deus para a terra do mundo criado, num evidente gesto de divinal amor, já que, acaso se admitisse a cobrança de despojos por parte de Deus, isto seria afrontosamente contrário à Sua amorosa e divinal essência, evidentemente. Não é, pois, uma galeria de nomes que se há de sobrelevar, pois a batalha continua entre entes celestiais, conquanto existidos, desculpem a repetição, mas em espirito, de espirito, por espírito. D-Eus, aparente diversidade, de Eus (D + Eu + Eu + Eu = D-Eus) perfaz-Se na unidade de Eu-espírito, este a “cereja do bolo” em disputa, pois Satanás, de um lado, manifesto, arrosta-se em direito de ter como sua a carne habitada de Eu, mas Deus, pelo filho Amado, detém arma que fere cabeça. E tal como já acontecido com o Eu em Jesus de Nazaré, por divino amor, o Eu no meu pobre mim e o Eu no teu pobre ti, leitor, também se operam salvos com prisão de Satanás, até que se consumam os séculos. Deus, então, vencendo a Sua própria crucificação de existência existida… enfim inexistida, gloriosa!