D- COMO VERDADEIRO PAI DO EUS
(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)
A língua portuguesa é rica e permite uma só palavra para encaixar dois sentidos num só, ou seja, a palavra D-Eus contendo o D- maiúsculo e o Eus, este como uma pluralidade (como se o Eus pudesse ser uma pluralidade!), pois, na essência, ele é uma unidade apenas. O Eus em D-Eus é a parte divina em cada ser nascido de mulher neste mundo, inclusive nos primeiros pais que, como sabido, não nasceram de mulher. Mas tanto estes, como cada um dos homens e mulheres que habitam o mundo do tempo, como sendo este o imenso derredor do jardim do Éden, todos trazem, consigo, o traço divino, de modo a, juntamente com a letra D-, maiúscula, com o Eus, formar, enfim, D-Eus! O autor é pequeno, raquítico, mas traz um Eu desse Eus em si, inevitavelmente, no encarnado que o é, encarnado “essencial’, apesar de acidental, para poder estar aqui falando e dizendo sobre esse Eu que é em mim; o acidental, encarnado, falando do e sobre o essencial, o Eu; o acidental de encarnado, com seus músculos, com seus nervos, com seus ossos, falando do e sobre o essencial, o Eu. Ah, que difícil, mas que difícil nunca para esse Eu, pois, sendo do Eus e, portanto, de D-, como qualificá-lo disso ou daquilo? Central-estático-essencial quanto D-, infunde-se-lhe tanto o sempre (de eterno) como o sem fim (de infinito). O Eus dessa aparente pluralidade implica a unidade na carne, nos músculos, nos nervos, nos ossos, assim meus como nos teus, leitores, leitoras. Atentem vocês e este reles escritor-narrador, portanto atentemos nós para D-, inex-istente, com anjos, arcanjos, querubins, serafins, com Lúcifer, anjo que o assistia de perto, movido do desejo de ser D-, em face do esplendor de sua beleza, entregue ao comércio de si mesmo (Ezequiel, 28, 17 e 18). A guerra, no céu, por causa disso, se instalou (Apocalipse, 12, 7, 1ª parte). E o Filho de D-, o Cristo, representado em Miguel arcanjo, guerreou contra Lúcifer, vencendo aquele a batalha celestial (Apocalipse, 7, 2ª parte e 8) . D-, Amor, essencialmente Amor, iria cobrar despojos a Lúcifer? Assim houvesse feito, seria como negar a si mesmo. Que se lhe fez, então? Lúcifer e mais um terço de anjos que o acompanharam, naquela celestial guerra, foram precipitados (Apocalipse, 12, 9). O inex-istente D-, vencida a guerra, manifestou-se, com palavras de fazer luz (fiat lux) – Gênesis, 1, 3. Por ele, mediante palavras desse fiat lux e de outros sequenciais fiat, o mundo do tempo se fez; e paulatinamente se formou, jazendo, não a princípio, porém depois, sob ele todo, o mal daqueles precipitados anjos (1ª João, 5, 19, parte final). Porém D-, no propósito de proteção ao Eus nos primeiros pais, proporcionou-lhes uma sede de delícia, um jardim, o Éden. Outro porém se há de realçar para esse especial fazer, não só de jardim como de seus habitantes. É que não Deus sozinho os criou; pois não mais simplesmente um fiat lux, no singular, de D-, mas um façamos, plural; façamos o homem (Gênesis, 1, 26), sim um trino concurso de D- + Filho Unigênito + veículo de sua manifestação, o Santo Espírito. Pelo tal façamos o homem, do barro da terra do mundo criado e formado, formado se fez o homem, enquanto a mulher foi também feita de uma costela do homem, costela que enfim também é barro (Gênesis, 2, 7 e 22). Mas o Eus se fez refém das influências da carne, dos músculos, dos nervos, dos ossos dos primeiros pais. Significa que aquele jardim de proteção ao Eus, lugar separado da terra deste imenso mundo, se rendeu à estratégia do mal daquele precipitado anjo, agora sob forma de falante-serpente. Não o Eus, evidentemente, em Adão e em Eva, mas a carne, os músculos, os nervos, os ossos deles, em arbítrio livre, entre um “não-comerás”, de D-Eus, e um “comerás”, da serpente-falante, provocou más influências de carne no Eus; no Eus primeiramente em Eva e, depois, em Adão. Foi uma queda terrível na via de uma desobediência. A consequência disso, então, a expulsão do jardim, contudo, permitiu ao homem e a mulher habitarem o imenso derredor do jardim paradisíaco, passando a viverem com o suor do rosto e as dores do parto, naquele imenso derredor, que é o mundo. Deus-Amor, seu Ungênito Filho, no céu, dado a pugnar contra o mal, vencendo-o, não faltaria com tal Amor, na terra, tanto que a descendência da mulher contaria, como contou, com arma de ferir cabeça, enquanto a descendência do mal contaria, como vem contando, com arma somente capaz de ferir até o calcanhar, para o meu mim de carne, de nervos, de músculos, de ossos, como assim para o teu ti de carne, de músculos, de nervos, de ossos, leitores, leitoras, conquanto, para o Eus, na carne, nos músculos, nos nervos, nos ossos de um certo nazareno, este, com paulada certeira na cabeça do mal, o tenha tornado prisioneiro, até que se tenha consumado inteiramente este século (Gênesis, 3, 15). Lástima das lástimas, todavia, é que o gênero homem, neste imenso derredor do jardim primevo, que é o mundo, conquanto trazendo o Eus em sua carne, em seus músculos, em seus nervos, em seus ossos, no curso dos tempos, tenha-se assumido, quando não com roupas de herodes, de pilatos, quando não com roupas de anás, de caifaz. Esse tal curso dos tempos o exibe em estado dito de paz em que, a contragosto, dominantes e dominados não convivem sem o salgado imposto ou, em estado dito de guerra, dominantes e dominados não se livram das armas, que matam; são os herodes ou os pilatos. Também esse curso dos tempos o exibe como anás ou caifaz, mergulhado na boba pretensão do aprisionamento do que considera o seu deus com letra inicial minúscula. Por que? Por que? Por que? Ah, encaro tais indagações com outras: já viram, leitores, leitoras, algum aglomerado humano com o nome de sociedade onde, a contragosto, não se pratica a cobrança do salgado imposto? Já viram, leitores, leitoras, algum aglomerado humano com o nome de sociedade livre de guerras com armas que matam? Já viram, leitores, leitoras, algum aglomerado humano com o nome de sociedade, onde não se viva com o sentido de aprisionamento daquilo que se considera seu deus, mas com com letra inicial minúscula? A esta altura do desenrolar das considerações deste autor, vê-se o seu texto vitimar-se do estado de coisas, de coisas, de coisas que as roupas dos malditos personagens os prendem e os vestem. E, além deles, igualmente os prendem e os vestem os pedros, que negam, os judas, que traem, os joões e os tiagos, que trovejam pretensões pessoais. Nessas empreitadas, onde e como fica o Eus? Aquele Eus que o texto foi incisivo, no seu início, mas agora se vê asfixiando-se com as tantas coisas de um mundo chamativo e perturbador. Na labuta em vida de herodes ou de pilatos é curto o tempo do mundo para tanta entrega do que ele atrai, com campos de atividades quase sem fim, enquanto a escolha entre anás ou caifaz se densifica na medida do aprisionamento de quem se tenha por seu deus, porém com letra inicial minúscula. O gênero humano, a propósito de uma tal coroa da criação, não se despe da condição de coisa, de coisa, de coisa, de coisa que sempre foi, é e será, após a grande decepção de uma queda. Aquela coisa feita sem ser coisa, privilegiada da delícia de um jardim, apesar de feita de barro da terra, mas com o sopro do ânimo de alma de D-, uno e trino, neste ponto, perfeita, portanto, em imortalidade daquele sopro de ânimo de alma, no paradisíaco sossego, tinha a razão de ser na efetiva proteção que o Eu em Eva e em Adão faziam D- + Eus = D-Eus! Mas, a má influência de carne, de músculos, de nervos, de ossos (Romanos, 7, 14-25), assim tornada em face da desobediência, não engana senão essa mesma carne, esses mesmos músculos, esses mesmos nervos, esses mesmos ossos. E D- não os deixou, apesar de maldizê-los, por causa da queda, de todo desamparados. A primazia, há de se enfatizar, é com relação ao Eus, mas promessa séria por meio do Unigênito Filho já fez a ferida na cabeça do mal, resultando em sua prisão milenar, salvando não só o Eu na carne, nos músculos, nos nervos, nos ossos de um jovem nazareno, mas propriamente a tal carne, os tais músculos, os tais nervos, os tais ossos, todos ressurrectos no sempre da eternidade e no sem fim do infinito. Foi o dar poderoso e amoroso de D-, por seu exclusivo querer, sem poupar o Unigênito Filho a realizar no nazareno a salvação do Eu e de sua carne e de seus músculos, e de seus nervos e de seus ossos. Uma vontade divina que, pelo mesmo Filho, se reserva ao Eu no meu mim de carne, de músculos, de nervos, de ossos, como assim no Eu do teu ti também de carne, de músculos, de nervos, de ossos, leitores, leitoras, afastado, para tanto, o veneno de mínima vontade hominal, de quem quer que seja (João, 3, 16). Sendo assim, Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam ações como a do bom samaritano (Lucas, 10, 30-37); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, por suas mãos, se dispõem a encher talhas que podem conter água que se transforma em vinho (João, 11, 1-12, especialmente o versículo 7); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam a determinação de retirar pedra e abrir sepulcro de quem ali jaz morto há dias (João, 11, 39-44, especialmente os versículos 39 a 41); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que se aceitam sucumbidos, pela própria força bruta aparentemente suicida, destruindo edificação inimiga e, com ela, os que nela se encontravam em diversões e zombarias (Juízes, Capítulo 13 e seguintes); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que aceitam a ordem e lançam suas redes de pesca à direita do barco (João, 21, versículos 1 a 6); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que, de fugitivos, aceitam-se obedientes para falarem de Deus (Jonas, Capítulos 1, 2 e 3); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que não se deixam recriminar por um “vade retro, satanás”(Marcos, 8, versículos 27 a 33); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que não precisam ver para crer (João, 20, versículos 26 a 29); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que adocicam, por meio de salmos, o coração devorado por violências e guerras (Salmos, de 1 a 150, apesar de 1 Samuel, Capítulo 18, versículos 25 a 27, apesar de 2Samuel, Capítulo 11, versículos 1 a 27 e muitos outros episódios violentos); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que se reconhecem com pecado e, por isso, nunca atiram nem a primeira, quanto mais tantas outras pedras (João, 8, versículos 2 a 11, especialmente o versículo 7); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que aceitam, mesmo após duvidar, por vezes, banharem-se em água prometida como de cura (2Reis, 5, versículos 1 a 14); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que são batizados, em água, de religiosos processos e que fazem diminuídas as tensões de maldades por respeito aos benéficos efeitos de chacras, em sua dimensão corpórea e psíquica (1Pedro, 3, versículo 21); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que tentam levar de vencida o ego e esperam superar tentações (Mateus, 4, versículos 1 a 11); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que tentam conduzir-se por sendas bem-aventuradas (Mateus, 5, versículos 1 a 48); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que se comportam como ovelhas que aceitam pastores de lobos por eles pastores presos (João, 10, versículos 1 a 15); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que não se fazem pródigos, porque tentam uma vida de respeito aos estágios naturais dela (Lucas, 15, versículos 11 a 32); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que, ao darem uma esmola, tentam não permitirem anunciar, por trombetas, a satisfação do seu ego (Mateus, 6, versículo 2); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que aceitam não serem dignos de entrarem e cearem com Jesus (Apocalipse, 3, versículo 20); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que consideram relevantes as ações (como está em Mateus, 25, versículo 35) em favor de quem tem fome (de todo tipo de fome), de quem tem sede (de todo o tipo de sede), de quem está nu (de todo o tipo de nudez), de quem está preso (de todo o tipo de prisão), de quem está doente (de todo o tipo de doença)…
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Você, leitor, leitora, se ofendeu, de alguma forma, com o texto que acabou de ler? Sinta-se assim, não, pois acredito que você não se classifica, por vontade exclusivamente sua, na classe dos que se proclamam imunes ao mal, como assim dos que se postam como dignos de divina vontade; simples assim.