CORAGEM DE PAULO X EU PERSONAL ECLIPSANTE; DEBALDE

         CORAGEM DE PAULO X EU PERSONAL ECLIPSANTE; DEBALDE 

        (para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

        Quão difícil entrar em mim. E penetrar o outro? Pode ser o mais próximo, até mesmo um parente, o irmão, o pai, a mãe. D- sabe. Um sabe que é limite de humano ser. Pois D- lhe não importa que saiba. Sábio, isto é condição de homem, não Dele, de D-. Vezes tantas, nunca raras, dou-me conta de mim. Da realidade que sou. Não devia, mas é constante que me esqueça. E esqueço o outro, que tanto se diz e se consente como próximo. O meu mim se me apodera tanto, tanto, tanto. Faz um círculo em torno desse meu mim. E cega-me e me fica distante, por demais, ver o outro; senti-lo, tendo uma intimidade com ele. Esta é a cegueira do ego que me põe a trave no olho. Penso-me em retirá-la desse meu pobre mim. Mas é só penso de um fugaz alívio. Não posso pensar o meu mim disso, em um indefinido definitivo. Aliás, que ótimo seria que pudesse ir além do pensar de pensamento. Pois o bom seria aquele pensar de lenitivo, de sarar. Doido ou doído, então, esse mim me prega e me prende. Dizer da trave no olho e o poder que possa ter em retirá-la, mas com qual eficaz exercício? O mim é desprovido de tudo para o todo de pretendida empreitada e final sorriso de conquista. A trave está lá – é errado assim dizer. Ela não está simplesmente. Ela é lá, inamovível; pelo pobre próprio mim, não se lhe pode estremecer a estrutura. É trave de delícias, ainda decorrência daquelas delícias paradisíacas de uma inocência… “Por que observas o cisco no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu próprio olho?” – Mateus, Capítulo 7, versículo 3. Ah, não deixar o mim enganar-nos? Mas, ele engana, sempre. Pois quando não é uma trave é um cisco. Pouco importa. Nenhum deles presta. Não é a trave por ser maior nem o cisco por ser menor. Ambos pertencem ao mesmo mundo do pobre mim tanto meu como no si de vocês, meus compenetrados leitor e leitora. Sim, procedo digitando a palavra “meus”, se me apropriando, destarte, do que é possível porque passível de apropriações. O meu mim me prende numa trave e prende vocês, como próximos, num minúsculo cisco, quando e onde busco vocês e os enxergo em cegueira de mundo. Encaro-me, acanhado, e encaro-os, também, meus leitores e leitoras, e vocês, por certo, tanto como eu anelo para mim, outro tanto anelo que tenham igualmente esse acanhamento. Tudo como fruto de uma ciência, que começa tímida, e vai provocando o cerne em discernimento, quando então atingida uma tal maturidade, como essa nossa, sem descartar que há tantos tão idosos e imaturos, coitados, dele discernimento, então, desprovidos. O discernimento em mim e em vocês que me lêem põe a nós todos e a todos nós como acabrunhados, porque conscientes do limite do mim, que é provisório de uma acidental feição, a qual briga, inutilmente, com o essencial da verdade; isto quando se o tem, evidentemente – o tal discernimento. E sempre, como debaixo de uma capa, ele, o discernimento ou o não-discernimento fazem-se acompanhados do que permanece no meu pobre mim, e no si de vocês, e no de quem quer mais que seja, inclusive no si de um tão conhecido nazareno. Pois um paulo, corajosamente, como acidental provisório, em respectivo “essencial” desse acidental, foi profundo no fundo de ser de um mundo que passa, marcando, presente e indelével, um Mal que é próprio do si de quem, como ele paulo, assim o tenha proclamado. Preciso então que um riso me faça e a vocês também alegres e felizes, a carne, com ou sem discernimento, em inconsciente, abrigando o Eu. Eu de plural Eus, sem uno deixar de ser, de diversidade em unidade, integrado, por amor e por vontade de D-, tornando Este em D-Eus. Hei de ser, então, sincero tanto quanto ou até mais do que paulo e colocar, na ponta dessas minhas considerações, o que ele deixou corajosamente dito em Romanos, Capítulo 7, versículos 14-24: “Sabemos que a Lei é espiritual; eu, porém, sou carnal, vendido ao pecado como escravo. De fato, não entendo o que faço, pois não faço o que quero, mas o que detesto. Ora, se faço o que não quero, estou concordando que a Lei é boa. No caso, já não sou eu que estou agindo, mas sim o pecado que habita em mim. De fato, estou ciente de que o bem não habita em mim, isto é, na minha carne. Pois querer o bem está ao meu alcance, não, porém, realizá-lo. Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero. Ora, se faço aquilo que não quero, então já não sou eu que estou agindo, mas o pecado que habita em mim. Portanto, descubro em mim esta lei: quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. Como homem interior, ponho toda a minha satisfação na Lei de Deus; mas sinto em meus membros outra lei, que luta contra a lei de minha mente e me aprisiona na lei do pecado, que está nos meus membros. Infeliz que eu sou! Quem me libertará deste corpo de morte? Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Em suma: pela minha mente sirvo à Lei de Deus, mas pela carne sirvo à lei do pecado”. Por isso, saio de mim, não, não, e não! Nem assim vocês que me lêem. Longe de choques provocados por tais palavras de paulo, sentimo-nos aliviados pela consciência do que somos nesse mim e nesse si de vocês e de tantos incontáveis outros de todos os tempos, de todas as raças, de todas as condições sociais, econômicas, financeiras, políticas, carregadores desse peso como representações inamovíveis por humano querer. Qual peso? Aquele que nos exibe seja como herodes, ou como pilatos, ou como anás, ou como caifaz. São representações que se não limitam ao tempo histórico dos citados conhecidos personagens, mas abrangentes de uma abrangência como a de um mundo de suporte da precipitação de um infeliz anjo perdedor de uma guerra, no céu: Lúcifer. E, como se ainda não bastassem os herodes ou pilatos ou anás ou caifaz, ainda se nos deparam os pedros, que negam, os judas, que traem, os paulos e tantos quantos outros mais, teimosos de representáveis salvações personais. Ah, como são tantos esses que se vestem numa veste dita especial. A representação dos herodes e dos pilatos, como dominantes, na órbita civil dos tempos de guerra das armas que matam ou dos tempos ditos de paz com a cobrança a contragosto do que se chama imposto ou a representação dos anás e caifaz, como dominantes, em órbita dita religiosa, como pretensiosos aprisionadores de D-, enquanto se arvorem de vontade de homem. Todos, os anás e os caifaz, cada um deles, como já dito, em suas roupas especiais, carregadas de cores de significações diversas. Pois há os de vestes e os desvestidos, para ambos a roupa é um vale nada. Eus integrados a D-, assim: D-Eus. Eus sem paramentos, vontade pura de D- a salvá-los das influências de carne de mundo acidental provisório onde o Mal vive a rodeá-lo. Mas o eu personal, que teimoso! Por certo, dentre todos os disfarces do anjo do Mal, esse enganador seja o maior, o tal eu personal. Não há ser nascido de mulher imune a suas influências. Ele é gordo de ânsias. Os homens, como dominantes ou como dominados, a ele se subordinam. Submetem-se a uma organização e valorizam tudo em torno dela. E haja personagens. Eles fazem por onde seja difícil entrar no mim de cada um dos indivíduos personalizados. Assumem-se como se o senhor de tudo. A academia é o novo paraíso. Tudo depende dela. Os homens jogam o jogo das influências de homem. Dizem-se uns sábios, outros, cientistas, políticos. Rotulam-se. E assim, como dito já bem no início deste texto, o contexto fica intrincado e de difícil penetração. O “conhece-te a ti mesmo” cede lugar que resulta institucionalizado. Então, o que vale não é o meu mim, muito menos o si de vocês que me lêem. A imaginação e a memória do “essencial” do acidental do mundo ganham a condição de farol, pelo qual todos se devem uma adequação. E se faz do conhecimento compartimentos intrincados, tantas vezes de complicado entendimento. Quer ver se digo verdade? Abra um compêndio de matemática, outro de biologia, outro de física, outro de química. Na literatura, a ficção passeia numa ação criadora e criativa de cadeia de fatos e pessoas como se de uma realidade pujante. E na religião? Tem-se a tônica de uma pessoalidade. Não poderia ser diferente, quando o grandioso disfarce enganador atende pelo nome eu personal.  Veja-se o homem que prega, sim, lembrando que pregar é dizer o mesmo que bater o prego. Ou seja, bate-se tantas e tantas vezes e o propósito é este mesmo de insistir, insistir, insistir, fazer entrar na cabeça das pessoas aquilo que se pretende como um direcionamento. Termina sempre o pregador como “a estrela”, como o centro, assim prevalecendo o eu personal. O Eu, que, infinito (sem limites), eterno (de sempre), sem mesmo precisar, recebe do eu personal o passo apressado de quem sempre quer chegar primeiro, na “crista dos acontecimentos”, como se costuma dizer, tratando-se um tal comportamento nada mais do que simples e pura ilusão; ilusão, contudo, que lhe é uma “festa”, a contagiante e inebriante sensação de se sentir bem, como “dono do pedaço”. Daí a grandiosa dificuldade de anuir a cruel realidade alhures tão bem explanada por paulo, antes de se admitirem o meu mim e o si de quem quer que seja consoante aquela descrição paulina, o eu personal avantaja-se como se pudesse ser mais do que sempre é menos, porque acidental provisório, mesmo com um respectivo “essencial” do dito acidental, dono exclusivo de um criar imaginoso e também memorial. E os homens aceitam-se nessas circunstâncias, por lhes ser mais aceitável a dominância do eu personal do que a cruel realidade de seus membros, mediante os quais só agem no Mal que neles se retém, advindo da precipitação daquele anjo Lúcifer para o mundo da criação de uma lux de um fiat, ao que bem sabe o “essencial “ do acidental provisório, mas D-, com Eus = D-Eus, infinito, eterno, se assim se epifaniza, inclusive em relação àquele anjo, por amor e por razão Dele é que isto plenamente justifica. Então, coragem de paulo x eu personal eclipsante; debalde.

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