GRANDEZA ILUSÓRIA DE CARNE, D- INEX-ISTENTE, COM EUS, IDEM

GRANDEZA ILUSÓRIA DE CARNE,

          D- INEX-ISTENTE, COM EUS, IDEM

           (Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Quem é maior? Este pobre de carne que ora aqui tecla? Pois se ele disser que maior é Deus…, só se grafá-Lo assim: deus. Sim, um deus de faz-de-conta (com letra inicial minúscula) que é o que pode ex-istir, porque Deus (com letra inicial maiúscula) não é, ou seja, não ex-iste. Se não ex-iste, descabido se falar em grandeza. Então, maior presunçoso é mesmo este fraco de carne, doriel. Coitado, ele engana aos outros. E engana a si mesmo. Está em imanência e, nela, é parte desse tudo e desse todo que decorre de fiat lux, ponto inicial da epifania de D-, inex-istente, epifania essa que é uma manifestação do que é provisório, o mundo, com um início e um fim, aquele como ato de criar, este, como o cenário do acabado, do consumado, do escatológico. D- inex-iste e razão e amor, essências em celestial concerto de anjos, arcanjos, querubins, serafins, semente de Mal sediou, misteriosamente, sentimento de Lúcifer, anjo tão íntimo de D-, e ele Lúcifer, mirando-se em sua própria beleza, dela fazendo comércio e se pretendendo como D-, resultou guerra, no céu. Embora perdedor, no embate não diretamente de D- com ele Lúcifer, mas no embate de Lúcifer com o arcanjo Miguel, Miguel equivalendo dizer o Unigênito Filho de D-, este – insiste-se em proclamar – essência de razão e de amor que sempre contrasta com medidas e com punições; por isso, Lúcifer, o que se lhe fez, então? O que se lhe fez? O que se lhe fez? Ora, foi precipitado para a terra decorrente do fiat lux. No fiat lux, a imanência sempre pura e isolada de D-; Este, o Filho e o Espírito Santo, concluíram aquele fiat lux, criando homem e mulher; aquele do barro da terra, esta de uma costela daquele, costela que também é terra. E lhes soprou sopro de vida, de viventes almas. Ao criarem o homem e a mulher, o traço de sempre de D- neles repousou, mas no fiat lux, não. Daí que, mesmo precárias aquelas criaturas, porque feitas de barro, um jardim especial, de delícias, lhes foi reservado. E, desse modo, D- passou a D-Eus, porque, com o Eu, residente, no homem e na mulher. É isto, pois, o D- conosco: D-Eus, em inocência que prescinde de conhecimento. Porém, mesmo sendo protegidos o homem e a mulher, precária, como já dito, era e continua sendo a matéria de formação: o barro e a costela, esta também do mesmo barro, como também já dito. E é grave, muito grave, gravíssimo, que os protegidos pela delícia paradisíaca de um jardim, com o livre arbítrio da essência e da razão de D-, apesar de advertidos por D-, tenham-se perdido entre duas balizas adverbiais de modo: certamente; um, de D-: “se desobedeceres, certamente morrerás”, outro, de satanás, o mesmo Lúcifer: “se desobedeceres, certamente não morrerás”. A influência poderosa do barro com alma vivente, de uma evidente fraqueza, se aproveitou do gesto de amor que fez precipitar Lúcifer e um terço de seus anjos na terra, e aquele, agora satanás ou demônio, com o disfarce de serpente falante, se aninhou em Eva e em Adão. Desobedeceram, e morreram; não a terra, mas esta como ocasião da queda de ambos, que sempre em matemática celestial se somam em um só: Eu. E, hoje, tantos Eus (sempre, na mesma matemática, essencialmente um só, sem ser, mas na diversidade de carnes resididos), pelejando ao derredor daquele jardim, que é o mundo. O Filho Unigênito, com arma poderosa que fere cabeça, por vontade sua, divina, fez o Eu, no nazareno, livre de influências de carne; já o lado fraco para onde precipitado o perdedor daquela guerra, no céu, este que goza da presença constante do Mal (Lúcifer, agora satanás ou demônio), com pobreza de arma, não pode atingir, com esta, além de calcanhares. Que coice útil o seu (para o mundo)! Mas, com aquele nazareno, tentou, tentou, tentou. Três vezes tentou. E queda de Eu na carne daquele nazareno não alcançou; pelo contrário, viu-se preso, pelo rabo (desculpem a chula expressão), pelo Unigênito Filho, que não precisou, para isso, de cusparadas, de chibatadas, de crucifixão (mundo de ciladas e de incertezas). Disto precisaram os homens, com representações sociais, políticas, econômicas, financeiras etc., ora quais herodes e pilatos, na órbita civil, ora quais anás e caifaz, na órbita que se creditam religiosa. Todos esses, precisamente, sendo os que se olvidam, integralmente, da vontade de D- para com os Eus e montam-se em vontades suas, de eus personais, que lástima! Pois é preciso que D- desvista os homens e as mulheres de roupas, quer de herodes, quer de pilatos, quer de anás, quer de caifaz e, assim, se sufoquem vontades, verdadeiros rios com águas turvas desses tais eus personais, grávidos de ego, uns dominantes, outros dominados. Então, o maior sou, doriel, se e quando representando papel de inventada verdade, seja de herodes, seja de pilatos, seja de anás, seja de caifaz. O Eu em mim mergulhado e atolado pela influência de carne da terra de fiat lux; como os são todos os homens de carne. Para socorrê-los, como socorrido o Eu residente no nazareno tão famoso, só mesmo o Unigênito Filho, em Espírito, cuja carne (daquele nazareno) se mortificou, sem necessidade de cusparadas, de chibatadas, de crucifixão, em novel jardim – o de Getsêmani -, intuindo o “não seja feita a minha, mas a vontade de D-Eus”. Eis que a vontade de quem ora tecla neste tablet, como carne (Romanos, Capítulo 7, versículos 14-25), não escapa de herodes e de pilatos, nem de anás nem de caifaz, nem ainda de pedros, que negam, nem ainda de judas, que traem, nem ainda de Paulos e de outros tantos, enquanto personalizam salvação (com tanto nome de santos!), eis que a vontade de quem ora tecla neste tablet – vínhamos dizendo – , enquanto mergulhando vontade sua, de ego grávido e inflamado de desejos e vontades seus e suas, inclusive a do pedido de que o cálice possa não demorar tanto… assiste o e assiste ao Maligno, embora estando este preso no e pelo Eu residido no nazareno, como em forma ilusória, mas bem real, largo sorriso de deboche, postando-se ao pé de uma cruz a colher o sangue de um inocente, vítima de tão perversos personagens. Em suma, o “fazei isto”, como pão e como vinho, muito bem realçando o fazer de homens, nunca o não-fazer de D-Eus, pelo Filho, que propicia, com arma que fere cabeça, a que Eus permaneçam no divino regaço, sem influências de carne; “fazei isto” que é mesmo nada além do que um triste memorial… Então, grandeza ilusória de carne, D- inex-istente, com Eus, idem.

NÃO HÁ DIA CERTO, NEM HORA, ANTE INFINITO E ETERNO

NÃO HÁ DIA CERTO, NEM HORA, ANTE INFINITO E ETERNO

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Marcos, 13, 32: Quanto ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai.

    Ora, quem fala, no texto acima, é o Espírito Santo que, juntamente com o Filho e o Pai, formam a Trindade Onisciente, Onipresente, Onipotente. Contudo, o próprio Espírito Santo está se mostrando insciente, assim ele como o Filho, sobre o dia e a hora. Certo! Certíssimo! É que Onisciente, Onipotente, Onipresente, assim se “inexprime” Deus, Divindade. Tanto que está escrito, mas não é tão correto dizê-lo, que somente o Pai, Deus, a Divindade sabe acerca daquele dia e daquela hora. Aliás, há uma passagem em João que diz que o Pai é maior do que o Filho, basta ler João 14, 28, onde está dito assim, Jesus falando: “… vou para o Pai; porque o Pai é maior do que eu”. No transcendente, eles são um, mas, no imanente, o Pai, Deus, a Divindade é maior que o Filho, maior que o Espírito Santo. Estes são a forma de ser e a possibilidade de se expressar, respectivamente, que o Pai, transcendental, sem ex-istência, sem princípio e, nesse sem princípio, sem referência temporal, espacial, o Pai, que não as precisa ter, porquanto centro-estático-essencial, por certo se vestiu, por especiais humildade e amor, como se isso lhe fosse imprescindível, eis que guerra, no Céu, travada contra o Ele, provocada pelo mistério do mal que o seu Anjo íntimo, Lúcifer, deflagrou, Pai, representado, nessa guerra, por Miguel Arcanjo, que é o Cristo, o Filho, e guerra da qual Lúcifer e um terço dos anjos do Céu saíram dela perdedores e, na sequência, precipitados para a terra do mundo criado a partir dos fiats de Deus, o mesmo Deus que, ao colocar na terra desse mundo o homem, num paraíso, o fez a partir do barro da terra desse mundo, com o seu sopro, tornando-o alma vivente, neste ponto, entretanto, fazendo questão de exibir a manifestação não somente sua, mas a do Filho e a do Espírito Santo, pois não disse simplesmente “faça-se o homem”, mas “façamos o homem” à imagem dele Deus. Está complicado? Pergunta boba, de quem tem trave nos olhos, pensando e admitindo que, por eles, há de enxergar certas verdades. Deus Espírito, nunca confundi-lo com Deus é Espírito, pois se há de O livrar de pequenez de imanência, com tamanho de homem, só que esse livrar não se há de referir a Ele, por inex-istente, ante infinitude e eternidade que O transcende e somente ante esse volátil imanente do mim dos meus nervos, dos meus músculos, dos meus ossos, das minhas glândulas, dos meus sentidos da visão, da audição, do paladar, do olfato, do tato, da imaginação e da memória pode-se fazer passar livramentos de toda a ordem e, então, dizer e compreender essa linguagem nossa, humana, pequena, falha, que faz com que possamos expressar tamanhos dessa imanência que, por vezes, nos enganam, como o tamanho do universo, com os seus astros, todos eles, que a imaginação apenas se pode iludir em abarcá-los assim de uma vez. Então, Deus-Espírito-imanente, criador, é neles; já transcendente, não, porque “indimensionável”, inex-istente! Por isso, em transcendência, a onisciência, a onipotência, a onipresença, nunca por ser Deus maior, porque aí estava-se-Lhe conferindo tamanho, espaço, comprimento, largura, altura, profundidade! Tenha-se, pois, o padrão de maior apenas em expressão imanente, nunca na inexpressão transcendente. E o saber, a onisciência, como a onipotência e a onipresença jamais se expressam, prescindem de manifestação, como por exemplo as dos fiats tantas vezes incompreendidos. Portanto, para o transcendente não pode haver dia certo, só mesmo para a busca tímida e acanhada dos que, imanentes, se limitam a espaços e a tempos, nós, inclusive, esses humanos humildes de húmus com o sopro divino de alma vivente, assim limitados ao imanente.

UMA PREGAÇÃO ILUSÓRIA OU O MAL DA FALSA PERSONIFICAÇÃO

UMA PREGAÇÃO ILUSÓRIA OU O MAL DA FALSA PERSONIFICAÇÃO

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

“A verdade e a mentira eram amigas, muito amigas, a mentira muito atirada, a verdade, não. Certo dia, a mentira convidou a verdade para um passeio. Chegaram até onde existia um lago, lugar muito bonito e aprazível. A mentira se desnudou, entrou na água, e ficou chamando a verdade para também entrar naquela água. Embora relutante, a verdade também se desnudou e entrou na água. Quando a verdade já estava com água quase a lhe encobrir a cabeça, a mentira foi se esgueirando, até que saiu da água e se aproveitou das roupas da verdade, vestindo-as e rumando em direção à cidade. A verdade, sem suas roupas, considerou que não devia dar gosto à mentira, caso vestisse as roupas desta e, então, nua, saiu em direção à cidade, também. As pessoas da cidade, então, vendo a mentira com roupas vistosas da verdade, ficaram a lhe dar atenção, enquanto a verdade, nua, passou a não ser considerada como tal”. É como se tem no comportamento de pessoas farisaicas, sepulcros caiados, bonitas por fora, a falsa mentira bem vestida e enganosa; por dentro, imundícies, a verdade nua e crua. Então, nem uma nem outra, pois ambas somente aparentam aparências. Por certo, em indimensão do sempre (do eterno), em indimensão do sem-limites (do infinito), a verdade que liberta nunca há como ter amizades com mentiras. Isto só mesmo em estorietas, como a que aparece acima, entre aspas. E é preciso que diga que vi essa engenhosa estorieta de um padre, em homilia. Diga-se, então, que a verdade não pertence a nenhuma ex-istencialidade. Ela nasce na graça de divina vontade, que é crística, ínsita nela a liberdade, sem a qual tudo quanto se possa dizer como verdade é falso. Deus-amor, puríssimo amor, eterno, infinito; Mal, o mistério do falso e enganoso das aparências que aparentam. Com elas, surge o mundo em fiat lux, com vocação autodestrutiva inevitável, em direção a um fim – escatologia. Contudo, verdade que liberta, de nascer de novo, puro e puríssimo amor inex-istencial, sem agora nem outrora, eterno, infinito. O amor puríssimo na inex-pressão de si próprio, de si mesmo, não ilude; contudo, o fiat lux, com fim em si mesmo, explica a especial proteção de um Éden paradisíaco. Como escrito, no concerto celeste de anjos, arcanjos, querubins e serafins, o Mal, em mistério no coração luciférico de um daqueles anjos (Lúcifer), não escondeu desejo de ser puro amor, como Deus, lançando-se ao comércio de si mesmo e a acreditar na própria beleza e formosura, daí o estado de guerra, cujo teatro espiritual nenhuma parecença guarda com as guerras protagonizadas entre homens. Deus-amor, com Unigênito Filho, que é arcanjo Miguel, já aponta o superior em amor, face ao Mal, vencendo-o, não o aniquilando, precipitando-o, porém, com um terço dos seus rebeldes, para a terra do mundo criado de um fiat lux provisório, pois o amor, se não compreende aniquilar, também oferece a ex-tensão desse mesmo mundo criado, onde o Mal permanece a rodeá-lo. Então, ordem de amor e de verdade, com liberdade. E a desordem decorrente do fiat lux, aparentando aparência de amor e de verdade, vem suportando (no sentido de dar suporte) tantos adãos e tantas evas habitantes do derredor daquele Éden-jardim, que é o mundo, com enganadoras mentiras vestidas de verdades. Para vencer esse mundo de mentiras e de ilusões, só a arma de quem pode ferir cabeça e deixa o Mal vencido e preso, até que se consuma este século. O Mal, conquanto o zelo divino ao criar o homem, colocando-o num jardim de delícias, mesmo assim dialoga com a realidade de carne desse homem, aliás com forte argumento perante o Amor, a quem sempre diz que o homem-carne é dele; e é! Paulo teve a coragem de assim reconhecer. Leia-se esse reconhecimento exatamente como assim está posto na Carta aos Romanos, no Capítulo 7, versículos 14-25. Portanto, eu digo que vi os efeitos do pregar daquele padre, na igreja, assomando e se assenhoreando de quantos, homens e mulheres, na quietude de uma absorção diretiva de quem dita e impõe, termina fazendo-os engolir aquela mentira e aquela verdade da estorieta. Guarda-se ela (a estorieta) nesse reconhecimento de Paulo. Já a verdade que liberta, sem contraponto de mentira, anula esta com pauladas na cabeça do Mal, anulando a este e à sua arma fraca, tão fraca que não passa de poder ferir somente até os calcanhares. E esta performance é do Filho, Unigênito Filho, livrando o Amor do dissabor da criatura desobediente, mediante a obediência daquele Filho, na linha de vontade que unicamente há de prevalecer – a vontade divina -, nunca a de nenhuma mentira, nunca a de nenhuma verdade, como as tais da reles estorieta.

TERRA E PARENTELA ACIDENTAIS DE EUS ESSENCIAIS

TERRA E PARENTELA ACIDENTAIS DE EUS ESSENCIAIS

           (Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Todo aquele, nascido de mulher, cujo Eu se liberta, por uma vontade divina, de influências de carne e se torna o dito Eu saído (daquelas influências) de terra e de parentela, sem necessidade, pois, de terra, de carne e de sangue, como referenciais de uma raça, de um povo e de um cerimonial religioso, todo aquele – vínhamos dizendo – é um dos que se destacam e se inserem, como um Eu, no incontável número de estrelas de um céu de abraão…, tanto como a divina e incontável sucessão desses Eus compreende, bem precisamente, D-Eus. Paulo, porque vinculado a uma terra e a uma parentela (tanto quanto, aliás, este pobre cronista doriel), das quais compreensivamente ele não se pôde desgarrar, não se lhe há de culpar pela força religiosa do estabelecimento de um santuário, em torno do qual prevalecia o sacrifício de animais, disto traspassando de um levítico proceder a um hebraico modo onde aquele sacrifício passou a um ser de carne chamado Jesus: livros bíblicos Levítico e Epístola aos Hebreus, contrapostos. Ora, essa influência é tão radical e tão severa, que o cerne missionário dele, como bem se pode ver do Capítulo 11 da Epístola aos Romanos, se faz introduzir propriamente pela sua sabida e consabida origem de carne: “Pois eu também sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim…” – Romanos, Capítulo já referido, versículo 1. Desprezo, pois, este tão terreno e parental intróito, para me deliciar no cerne de sua ação missionária, aquela de mostrar que D-Eus não é fechado apenas para judeus, mas propício a eles e aos gentios, estes os tidos como pagãos. Que bela a lição que transmite em força e forma que só pode mesmo ser divina. Por isso, vou abandonar palavras minhas e ficar com as dele: “Eu pergunto: Será que Deus rejeitou o seu povo? De modo algum! Pois eu também sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim… 2. Deus não rejeitou o seu povo que ele, desde sempre, distinguiu e escolheu. Não sabeis o que diz a Escritura na passagem em que Elias interpela Deus contra Israel, dizendo: 3. “Senhor, mataram os teus profetas, demoliram teus altares, e eu fiquei só, e querem tirar-me a vida”. 4. E que resposta lhe dá o oráculo do céu? “Reservei para mim sete mil homens que não dobraram os joelhos diante de Baal”. 5. Assim também agora, em nossos dias, subsiste um “resto”, por livre escolha da graça. 6. Mas, se é pela graça, já não é em razão das obras; do contrário, a graça já não é graça. 7. Daí, o que se conclui? Israel não conseguiu aquilo que está procurando; só os escolhidos é que o conseguiram; os demais se tornaram embotados, 8. como está escrito: “Deus lhes deu um espírito de torpor, olhos que não vejam e ouvidos que não ouçam, até ao dia de hoje”. 9. E Davi diz: “Que sua mesa seja para eles como um laço e uma armadilha, causa de queda e justa retribuição; 10. que seus olhos se escureçam até à cegueira completa. Mantém sempre curvado o dorso deles!” 11. Eu pergunto, pois: porventura eles tropeçaram para cair de vez? Não, de modo algum. O passo em falso que deram serviu para a salvação dos pagãos, e isto, para despertar ciúme neles. 12. Ora, se o passo em falso deles significou riqueza para o mundo, e o seu fracasso, riqueza para os pagãos, quanto mais significará a adesão de todos eles! 13. A vós, vindos do paganismo, eu digo: enquanto eu for apóstolo dos pagãos, honrarei o meu ministério, 14. na esperança de despertar ciúme nos da minha raça e assim salvar alguns deles. 15. Se o afastamento deles foi reconciliação para o mundo, o que não será a sua acolhida? Será uma passagem da morte para a vida! 16. Aliás, se as primícias são santas, a massa toda também é santa; e se a raiz é santa, os ramos também são santos. 17. Se alguns ramos foram cortados e tu, oliveira silvestre, foste enxertada no lugar deles e, assim, te tornaste participante da raiz e da  seiva da oliveira cultivada, 18. não te gabes à custa dos ramos cortados. Se, no entanto, cederes à vanglória, toma consciência de que não és tu que sustentas a raiz, mas é a raiz que te sustenta. 19. Dirás: Alguns ramos foram cortados para que eu fosse enxertado. 20. Bem! Esses ramos foram cortados por causa de sua incredulidade, mas tu, é pela fé que estás firme… Portanto, não te ensoberbeças; antes, teme. 21. Pois se Deus não poupou os ramos naturais, nem a ti poupará. 22. Repara na bondade e na severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; para contigo, bondade, contanto que perseveres nessa bondade; do contrário, também tu serás cortado. 23. E eles, se deixarem de ser incrédulos, serão enxertados: Deus é bastante poderoso para enxertá-los de novo. 24. Pois se tu foste cortado da oliveira silvestre, à qual pertencias por natureza, e se, contrariamente à natureza, foste enxertado na oliveira cultivada, quanto mais eles serão enxertados em sua própria oliveira, à qual pertencem por natureza. 25. Para que não confieis demais em vossa própria sabedoria, irmãos, desejo que conheçais este mistério, a saber: o endurecimento de uma parte de Israel vai durar até que tenha entrado a totalidade dos pagãos. 26. E então todo Israel será salvo, como está escrito: “De Sião virá o libertador; ele removerá as impiedades do meio de Jacó. 27. E esta será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados”. 28. De fato, quanto ao evangelho, eles são inimigos, para benefício vosso; mas, como povo escolhido, são amados, por causa dos pais. 29. Com efeito, os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis. 30. Outrora, vós fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia, em consequência da desobediência deles. 31. Agora, são eles que desobedecem, dando ocasião à misericórdia de Deus para convosco, para que, finalmente, eles também alcancem misericórdia. 32. Pois Deus encerrou todos na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos. 33. Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus! Como são insondáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos! 34. De fato, quem conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? 35. Ou quem se antecipou em dar-lhe alguma coisa, de maneira a ter direito a uma retribuição? 36. Na verdade, tudo é dele, por ele e para ele. A ele, a glória para sempre. Amém!”.  Então, “restos” é uma bendita condição, para quem? A missão pauliana abre olhos em espírito, de espírito, por espírito e torna a ação crística para quantos sejam residência de Eus obedientes, segundo a divina vontade: “Se alguém vem a mim, mas não me prefere a seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, e até à sua própria vida, não pode ser meu discípulo” – Lucas, Capítulo 14, versículo 26. E assim é que se foge de terra e de parentela. E escolhidos, oliveiras naturais, desobedecem, e os não-escolhidos, ainda, oliveiras silvestres, tornam-se obedientes. Todos pecam, mas a misericórdia é para todos. Os sete mil homens que resistiram ao deus baal, não dobrando os joelhos perante ele, é alegoria perfeita, tanto quanto os “restos”, referidos no citado documento Epistolar. É bem na linha do que dizem ter dito um nazareno: “muitos os chamados e poucos os escolhidos” – Mateus, Capítulo 22, versículo 14. Pois essa escolha assume ideia de um quantitativo para os homens, não para D-Eus. D-Eus escolhe, escolhe o Eu, fazendo-o saído de influência de carne e de amarras parentais. É uma escala de obediência do “não seja feita a minha, mas a tua vontade, Pai” – Lucas, Capítulo 22, versículo 42, como contraponto à escolha. D-Eus é bom! E isto irrita o cão que, com a arma apenas de ferir calcanhares, recebe a paulada na cabeça (Gênesis, Capítulo 3, versículo 15), e termina preso, até a consumação deste século. Seguir, pois, a divina orientação. A carne, sem necessidade de méritos pessoais, que de nada valem mesmo!, nem se pode livrar do finito consciente, ante o inconsciente, no Eu, produzido em querer divino, no aconchego com a Divindade, assistindo o terçar de armas, o Cristo, podendo ferir cabeça, o Mal não passando de apenas poder ferir até os calcanhares. Esses incontáveis como estrela fogem do número certo dos que se não dobram ajoelhados a baal, como assim dos que compreendem o “resto”, no modo de dizer de Paulo Apóstolo. Povo, portanto, há de deixar de lado o significado de quem seja um conglomerado juridicamente organizado, como os judeus ou os índios daqui e de alhures. São eles os “restos”, os alegóricos sete mil homens não ajoelhados diante de baal, numa e noutra dimensão, respectivamente, da medida de medida de homens, pois o somatório de Eus não atende a nenhuma matemática, senão à indimensão de irrealidade de céu de abraão. Todos como indefinidos de uma continuidade infensa a uma origem de terra, de carne, de sangue, porque saídos de terra e de parentela acidentais de Eus essenciais. Logo, no curso de todas as épocas, formadoras de uma História, incluído este presente de um mundo hoje tão melhor conhecido, e explorado, fadado a sua própria historicidade, a sucessão de Eus contínua continua, por certo, assim crê a carne que ora escreve num tablet, contudo, o que resulta no comportamental de nascidos  de mulher, em todos os tempos, tem refletido o desmedido apego a terras e a parentelas, inevitavelmente. Neste passo, fomos/somos/seremos os representantes, ora como dominantes, ora como dominados, e os papéis sociais, políticos, econômicos, financeiros de herodes e de pilatos, na órbita civil, não cedem lugar, por uma vontade sua, para que Eus se dispensem de influências de terra e de influências parentais. Nem, igualmente, na órbita religiosa, os anás e os caifaz, os que se pavoneiam de pretensos aprisionadores de D-Eus, ultrapassam os enganosos propósitos de uma terra de mansidão e de uma parentela de desapego. Pois bem, os homens, em instituições…, somos todo aquele, nascido de mulher, cujo Eu se liberta, por uma vontade divina, de influências de carne e se torna o dito Eu saído (daquelas influências) de terra e de parentela, sem necessidade, pois, de terra, de carne e de sangue, como referenciais de uma raça, de um povo e de um cerimonial religioso – este é um dos que se destacam e se inserem, como um Eu, no incontável número de estrelas de um céu de abraão.

LIVRE DE ENGANOS

LIVRE DE ENGANOS

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

O Eu no meu mim fazer coisas? Eis o mal da abordagem de uma linguagem humana. Coitada dessa linguagem! Personificar lhe é uma tônica, uma constância, uma necessidade. Veja-se: “Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos. Eis que eu farei coisas novas, e que já estão surgindo” – Isaías Capítulo 43, versículos 16-21 e “Ninguém põe vinho novo em odres velhos, senão, o vinho arrebenta os odres, e perdem-se o vinho e os odres. Mas, vinho novo em odres novos!” – Marcos, Capítulo 2, versículo 22). Ora, nem coisas nem querer que somente lhe sejam. Pobre desse lhe, passageiro, finito. O eu, minúsculo, em …“eu farei coisas novas” é, sim, esse finito, esse passageiro de que falo. O “ninguém”, também. Por isso não está grafado com letra inicial maiúscula, assim: Eu. Só o “ninguém”, por conta de uma regra gramatical. Tu, então, profeta, com letra inicial minúscula, vens de um tempo distante, e em rolos e em livros, e em rolos e em livros e em rolos e em livros e, mais modernamente, no eletrônico das novidades que aqui me trazem este conforto de te teres comigo, não sei, neste meu corpo, como receptor de limite limitado dos teus dizeres, mas, sabe-o a divina vontade, que não te permite adentrares o céu da continuidade não somente tua, mas de um povo teu, tão somente com “o-teu-de-uma-propriedade-somente-tua” podendo ser. Desligo-te, não este meu pobre mim, que aqui dialoga com o teu pobre ti nessa longa viagem de tantos milênios e de tantos séculos, e anos, e meses, e dias, e horas, e minutos, e segundos, e de frações deles; desligo-te. A continuidade não é, não pode ser de sangue, de uma hereditariedade, orgânica, de uma cadeia de “deeneas”, genética, portanto. Mas é o sentido de poder que pode com onipotência, com onipresença, com onisciência. A linguagem divina, portanto, não se liga a coisas, nem a novos, nem a novas, nem a velhos, nem a velhas. É o que na indimensão de eterno e de infinito traspassa o ontem, o hoje e o amanhã; não fora assim, se não falaria em infinito, se não falaria em eterno. Falo, então, da mencionada continuidade onde o Profeta e o Evangelista assumem-se maiúsculos, sem qualquer expressividade existencial; e, mesmo assim, sem essa expressividade, riem-se dos profetas e dos evangelistas minúsculos, tão plenos de limitada ex-istência. Pode se falar de coisas, e pode se falar de novas, e pode de falar de velhos, e pode se falar de velhas, porém para a carne, seja a minha, do hoje, do agora, como pode ter sido a de ontem, a de um Napoleão, ou a de um pedinte qualquer de movimentada rua de Paris, ou mesmo de uma cidadezinha inexpressiva, como poderá ser a de um terráqueo privilegiado de daqui a uma centena de milhares de anos a viver nesta mesma Terra que ora lhe pisam estes pés deste reles cronista, doriel. O profeta e, não, o Profeta, prende-se a uma realidade limitada, de tempo e hereditária, e consanguínea, genética e, por isso, fala em coisas e as classifica de novas e as classifica de velhas. O Profeta (maiúsculo), livre de coisas e de novidades, faz não quais profetas e evangelistas, que se prendem a coisas e a novas e a velhas, tanto que, no caso destes últimos mencionados, evangelho quer dizer isso mesmo: novidade! Ambos, então, ficam grafados na expressão diminuta de minúsculas letras que lhe introduzem nomes; nomes, esses substantivos que o vulgo não dispensa ao conhecer perigoso de um perigo de disputa com Deus, anulando, por isso e destarte, o próprio deus de sua imaginada criação, coitados! Preferíveis, em senda de iniciados e de iniciandos, o Profeta e os Evangelistas maiúsculos do constante de eternidade e do ilimitado do infinito. Esses se dispensam inclusive dos próprios substantivos dos quais não se largam – não podem nunca se largarem mesmo – os aprisionados de uma limitada ex-istência, de uma epifania tão pouca e tão pobre. A continuidade que importa, conquanto inexistente, mais do que Profeta, e mais do que Evangelho, e mais do que Evangelistas, reflete numa descendência mais numerosa do que as estrelas do céu, e independe de rins e de corações e de enfezados intestinos, tomados de sentidos que se presumem igualar-se e de se confundirem com Deus, infinito, eterno, eterno, infinito, infinito, infinito, eterno, eterno! Assim, livre de enganos, dispenso-os, personagens, vocês são tantos, tantos, de um colorido de ações santas, separadas, assim se diz, numa linha de hereditário tronco que se firma e se afirma no curso do tempo, ilusoriamente cometendo a tração e a atração de muita gente, aliás, um peso enorme carregado dos sentimentos os mais diversificados e muitas vezes tolos. É que, no lugar do hereditário, uma linha de continuidade se faz, a linha de uma fidelidade divina, a linhagem que é de espírito, em espírito, por espírito, dissociada de sangue e de sofrimento, conquanto estes marquem uma presença acidental, jamais essencial. Nessa linha e nessa linhagem, o Eu, infinito, eterno, ri de tudo quanto se rege pelo signo de coisa, seja nova, seja velha, seja vinho, seja vinagre, a continuidade, entretanto, mostrando-se sem amostras ao visível que chega com a pressa de sentidos e sentimentos, os rins, os corações e os enfezados intestinos, esse grandioso mar contagiante do ser de insustentável leveza, falsamente se diz. Então, entre o adão do jardim primevo, passando pelo adão mais recente do derredor do citado jardim, nascido agora, neste momento, houve um número incalculável de tantos adãos e de tantas evas, nesse derredor, que é o mundo, porém, entre eles, nomes, substantivos próprios se destacaram, e é até cansativo citá-los, mas, tentemos alguns, atendida, obviamente, uma cronológica ordem: caim, abel, matusalém, noé, cam, sem, jafté, abraão, sara, isaque, rebeca, jacó, rúben, simeão, levi, judá, issacar, zebulom, dã, naftali, gad, aser, josé, benjamim, moisés, josué, sansão, samuel, davi, salomão, jó, daniel, ezequiel, isaías, jeremias, oséias, josé, maria, jesus, madalena, mateus, lucas, marcos, joão, paulo, joão batista, pedro, estêvão e…basta, basta, basta. Tanta carne, um monte, uma montanha, sentidos e sentimentos lhes passam, vigorosos, contudo o ilusório dos seus sentidos e sensações, de carne, uma cadeia de “deeneas”, pois, não é ela, nem nunca poderia ser, nem a justiça, nem o amor, esses pilares reveladores do caráter da Divindade, eternos, de sempre, infinitos, sem limites, já que a referência tumular, daqueles, o tempo não apaga, nem mesmo a do expoente, Jesus, nascido em Belém e crescido por um bom tempo em Nazaré, vítima que tem sido do apego de todos nós, mormente de alguns daqueles acima citados que, por olhos de carne, lançam-no em sepulcro, como ideia primaz, necessária, a poder comportar uma ressurreição. Que tristes e infelizes olhos, sentidos e sensações. Porque se enlaçam e se deixam prender, facilmente, no enredo religioso de um re-ligare, que não é nem pode ser desse seu acidental e, sim, do essencial, do Eu! O Eu nesse meu mim, que é coisa, e não pode esse Eu fazer coisa. A coisa, sim, é que, de acidental, pode ganhar emanações de um Eu ressurrecto, isto na linha e linhagem de uma continuidade do céu. E assim é, sem esperadas esperanças, porque, se se espera, se nega, peremptoriamente, o infinito (do que não tem limites), e se nega, igualmente, o eterno (do sempre). Enfim, livre de enganos. Livre de enganos, porque, ora, ora, deixe-se o causal de um porquê nem que seja no casual, merecendo-lhe, tão só, o interesse de carne, esta que é sempre ciosa de um espaço e de um tempo, o (seu) espaço e o (seu) tempo e, se ambos são dela, fique ela com eles e me deixe a mim e a nós, sim, nos deixe, sabido, entretanto, que, para me livrar do engano, preciso sair desse mim e você precisa sair desse si, leitor, leitora e, “navegando águas de espiritualidade”, o Eu, no meu pobre mim, não digo que se sobreleva (o dito Eu), pois isto de se sobrelevar nada de importante importa para Ele; o inconsciente, Nele, é que se casa com o D, da Divindade, e o somatório Dele com o Eu que reside em ti, leitor, que reside em ti, leitora, como assim no todo do conjunto dos vivos deste planeta Terra (e de outras habitadas esferas celestes, se houver) resulta em D-Eus, em D-Eus, em D-Eus!!! Então, longe do engano, o Eu, que em Adão sofreu consequência de desobediência, Ele não cabe em sepulcro do qual possa ressurgir; o ressurgimento é do Eu que, por vontade de Deus, torna-se infenso a influências de carne, salvando-se, ressurrecto, em D-Eus! O Adão do jardim primevo caiu e não saiu da armadilha que lhe impôs a própria carne, com a perda da inocência paradisíaca. Por isso, quem ressurge e ascende ao céu é o Eu, liberto, por vontade de Deus, das influências maléficas da carne. Então, livre de engano, não nos enganem paisagens de nuvens, por exemplo, a registrarem como a passagem de um corpo em suave elevação, não nos enganem, igualmente, a matéria como de um pão e o torpor como de um vinho, que servem, apenas, a evocar a memória de um homem, Jesus. O Eu, Nele, é quem, com o Unigênito Filho de Deus, o Cristo, teve o privilégio de assistir à luta entre o próprio Cristo com o Mal, aquele vencendo a este, e o prendendo, até a consumação do século. Com isto, as influências de carne que é o Mal, vencido este, isola o Eu desse Mal e o Cristo o faz ressurrecto; numa continuidade, portanto, do céu e, à margem, a acidentalidade de carne daquela montanha alhures relacionada.