É PELA GRAÇA QUE A MISERICÓRDIA DE DEUS SE NOS DERRAMA

É PELA GRAÇA 

QUE A MISERICÓRDIA DE DEUS 

SE NOS DERRAMA(1Cor 15,10)

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Paulo Apóstolo, falando a habitantes da cidade de Corintos, na 1ª Carta aos coríntios, aplica, no Capítulo 15, versículo 10, um “sou o que sou” que a muitos pode iludir, porque a Misericórdia de Deus enche a parte fraca – a carne – de fé e, com ela, possibilita qualquer encarnado “perdoar até setenta vezes sete”, por exemplo. Se é só de carne aquela afirmação, razão não assistiria, pois, a Paulo; mas vamos melhor atentar para ela. De graça, ou seja, gratuitamente, Deus Misericordioso suscita certas ações humano-religiosas, conscientes, como adjutórios,  juntamente com as quais, inconscientemente, o Eu divino em meu mim de carne e o Eu divino em teu ti de carne, leitor, leitora, se privilegiam e ficam assistindo à guerra que o Cristo, com arma que fere cabeça, prende o agente do Mal, este que, bem se sabe, de arma, possui apenas e exatamente uma que, no máximo, somente pode ferir até os calcanhares. As ações humano-religiosas, embora, por conscientes, desenvolvidas no estado de uma presença de Mal (Romanos, Capítulo 7, versículos 14 a 25), sem se estar, pois, desligado do ser como pensante, com o ego ali insistente e insinuante e gordo de ânsias, as ações humano-religiosas – vínhamos dizendo – são de variadas formas, podendo-se, aqui, relacionar algumas, pedindo, de logo, perdão por poder parecer (aos profanos) que sejam um tanto cansativas. Ei-las, então: ações humano-religiosas de quem encarna bons samaritanos (Lucas, Capítulo 10, versículos 30 a 37); ações humano-religiosas de quem aceita encher talhas com água que se transforma em vinho (João, Capítulo 2, versículos 1 a 12, especialmente o versículo 7); ações humano-religiosas de quem tem coragem de tirar a pedra de sepulcros com corpo de morto já malcheiroso (João, Capítulo 11, 39 a 44, especialmente os versículos 39 e 41); ações humano-religiosas de quem adocica, por meio de salmos, o coração devorado por violências e guerras (Salmos, de 1 a 150, apesar de 1Samuel, Capítulo 18, versículos 25 a 27, apesar de 2Samuel, Capítulo 11, versículos 1 a 27 e muitos outros episódios violentos); ações humano-religiosas de quem se aceita sucumbido, pela própria força bruta aparentemente suicida, e destrói edificação inimiga e, com ela, os que nela se encontravam em diversões e zombarias (Juízes, Capítulo 13 e seguintes); ações humano-religiosas de quem encarna aceitar a ordem e lança sua rede de pesca à direita do barco (João, Capítulo 21, versículos 1 a 6); ações humano-religiosas de quem se encarna fugitivo, porém, depois, aceita-se obediente para falar de Deus (Jonas, Capítulos 1, 2 e 3); ações humano-religiosas de quem encarna não se deixar recriminar por um “vade retro, satanás”(Marcos, Capítulo 8, versículos 27 a 33); ações humano-religiosas de quem encarna a desnecessidade de ver para crer (João, Capítulo 20, versículos 26 a 29); ações humano-religiosas de quem encarna reconhecer-se com pecado e, por isso, nunca atira nem a primeira, quanto mais tantas outras pedras (João, Capítulo 8, versículos 2 a 11, especialmente o versículo 7); ações humano-religiosas de quem encarna a aceitação, mesmo após duvidar, por vezes, de se banhar em água prometida como de cura (2Reis, Capítulo 5, versículos 1 a 14); ações humano-religiosas de quem encarna o batismo, em água, de religiosos processos que fazem diminuídas as tensões de maldades por respeito aos benéficos efeitos de chacras, em sua dimensão corpórea e psíquica (1Pedro, Capítulo 3, versículo 21); ações humano-religiosas de quem encarna tentar levar de vencida o ego e espera superar tentações (Mateus, Capítulo 4, versículos 1 a 11); ações humano-religiosas de quem encarna conduzir-se por sendas bem-aventuradas (Mateus, Capítulo 5, versículos 1 a 48); ações humano-religiosas de quem encarna comportamentos como ovelhas que aceitam pastores de lobos por eles pastores presos (João, Capítulo 10, versículos 1 a 15); ações humano-religiosas de quem encarna não-prodigalidades, porque tenta uma vida de respeito aos estágios naturais dela (Lucas, Capítulo 15, versículos 11 a 32); ações humano-religiosas de quem encarna a doação de uma esmola, sem permitir anunciar, por trombetas, a satisfação do seu ego (Mateus, Capítulo 6, versículo 2); ações humano-religiosas de quem encarna aceitar não ser digno de entrar e cear com Jesus (Apocalipse, Capítulo 3, versículo 20); ações humano-religiosas de quem encarna como relevantes as ações (como está em Mateus, Capítulo 25, versículo 35) em favor de quem tem fome (de todo tipo de fome), de quem tem sede (de todo o tipo de sede), de quem está nu (de todo o tipo de nudez), de quem está preso (de todo o tipo de prisão), de quem está doente (de todo o tipo de doença). E poderíamos nos deter em citações outras, de exemplos humanos-religiosos que, praticados pelo homem, fazem-no adequar-se a verdadeiros néscios, acaso confie apenas na misericórdia dele (coitada!), quando deveria pô-la na conta de verdadeira Misericórdia com eme maiúsculo, a Misericórdia de Deus. Então, ao dizer Paulo  “sou o que sou”, em vontade que se dissesse sua, tal assertiva seria, portanto, pobre, porque contaminada com a presença do ego que é nele, o ego da capacidade intelectual que é sinuosa, porque serpenteia. Por isso mesmo, ante tal conduta que consistiria em puríssima ilusão, se há de ter todo o cuidado e toda a atenção para afastar essa maldita intelecção e, no seu lugar, firmar-se na certeza de que a graça, a gratuidade que pode fazer um daqueles encarnados só pode mesmo advir de Deus Misericordioso. Deus é gratuito, sim, não é “merecível”, seu acesso ao humano se faz de graça e pela graça Dele. Então, em termos de providência de amor, na minha e na tua carne, leitor, leitora, como resididas do Eu divino, inconscientemente, por vontade de Deus, suplanta-se esse Eu divino imune a influências de carne, inteiramente, por divina e misericordiosa vontade de Deus na consecução daqueles exemplos maravilhosos e de outros tantos; e, eterno, infinito, continua inconsciente no colo de Deus, Espírito; porém, mesmo com a Misericórdia de Deus, o encarnado daqueles e de outros tantos exemplos de ações humano-religiosas, em espírito, de espírito, por espírito, acha-se consciente, está vivo, pensando, o ego à espreita, em ciladas inesperadas e por vezes cruéis, enquanto aquela Misericórdia abranda o coração tantas vezes amargurado, e resulta produzida a humanidade que torna o homem como Filho do Homem. Ser o que se é, como pode sugerir a forma dita por Paulo, como um resultado de ação meramente humana, equivale a iludir-se, pois, nunca, por vontade contaminada de ego, mas sim pela Misericórdia de Deus é que se torna o ego apaziguado, com a vontade do homem anulada pelos exemplos maravilhosos que só a Misericórdia de Deus pode proporcionar. É pela graça, jamais com um “sou o que sou“, é pela graça da Misericórdia de Deus que se derramam, no Eu em meu mim de carne e no Eu em teu ti de carne, leitor, leitora, como no Eu em Paulo Apóstolo já podem ter sido (derramadas), que se derramam – vínhamos dizendo – ações humano-religiosas tantas e tantas e tantas, cabendo, então, respeitoso abandono àquele “sou o que sou“, porque decorrente de egos gordos de tantas ânsias, à evidência, como as  ânsias do próprio autor que, neste ponto, dá por finalizada a presente crônica, sem pretender escondê-las! 

CEGOS

CEGOS

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

1 – Salmos, 69, 9 Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim.

2 – João, 2, 17 E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará.

3 – A partir dessas passagens da Palavra de Deus, pode-se dizer que Jesus, com o seu zelo, há de ser visto como um revolucionário?

Cegos plenamente, ante a condição essencial, divina, do ser humano Jesus-tornado-Cristo ou do Cristo-assumido-em-Jesus, são todos aqueles homens-gênero que se detêm em apreciar o lado telúrico desse homem que, apesar daquela plenitude crística, ainda se apresenta pequeno, como não poderia deixar de ser, porque a carne, mesmo ressurrecta, ainda é continente pequeno para abrigar o eterno e o infinito da Toda-Poderosa Divindade, obviamente. Ficam, pois, como que perdidos e sem rumo certo esses que se entregam a demoradas considerações históricas, tradicionais, na vã tentativa de imprimirem importância maior a este lado, quando a importância verdadeira não tem lado, porque é justamente no eterno e no infinito do divino e do espiritualismo que esta se assume incomparavelmente essencial. 

Os olhos de espírito em Jesus de Nazaré fizeram-no, em carne, sorrir a alegria de Deus, em ter este o seu Unigênito realizado, porque residido na sua criatura excelente, o homem, que tanto o decepcionara no Jardim do Éden, mas, agora, aquele homem, também um Adão, desta feita não pura e simplesmente com Eva, mas com uma Eva de Magdala, tinha transposto, em definitivo, a desobediência original causadora de todos os males do mundo em obediência. E, como se sabe, esses males foram inoculados por meio de disfarce em serpente falante, com a qual Lúcifer,  perdedor da batalha travada no Céu, com o Arcanjo Miguel, permanece, embora derrotado, acusando o homem de ser, por natureza, contra Deus.

A Divindade, misericordiosa, ainda bem, socorre aqueles cegos, toma-os pelas mãos, desde, porém, que aquela perda de tempo deles seja a da inutilidade pura e simples que seus esforços representam, no e para o mundo; porque se os seus esforços se prestam, exatamente, ao travamento de uma batalha contra o divino, de posição diametralmente contrária a ele, enfim é despiciendo até dizê-lo, mas, em nome da melhor clareza, não custa dizer que os “burros n’água” são a inevitável consequência, para eles, coitados. Quem sabe – não o pode sentenciar este humilde escriba, mas a própria Divindade o pode – a negativa de qualquer farrapo de misericórdia para com eles seja mesmo inevitável….

Tenho por zeloso o meu Jesus histórico, mas zeloso para com os assuntos da Casa de Deus, sem nisso consistir qualquer sentido de tomada do poder que é próprio dos homens em sua organização social e política. 

Não necessito, por isso, me deter em longas e cansativas incursões ditas históricas, em detalhes mínimos até, inclusive com defesa de teses para o mundo acadêmico. Isso é coisa que só faz distrair a atenção mais especial e importante que se deve ter para com o poder divino plasmado em cristicidade no todo que foi, é e continuará sendo a compleição física e psíquica do ser que habitou na Galileia (Jesus) e que, por revelação obtida a partir de (seus?) olhos de espírito, se antecipou ao eclodir escatológico. Essa antecipação o faz autoridade intercessora única perante a Divindade, para os que, tanto homens quanto ele, possam também, em olhos de espírito, assumir a dimensão do crístico em si ou do si no crístico, tal como o Cristo-assumido-em-Jesus ou o Jesus-tornado-Cristo. Certamente, ele foi, é e continua sendo o nascido de novo que, como o vento, não sabe para onde vem nem para onde vai (João 3, 8) e que conjuga, em si, o Eu Sou, Aquele mesmo Eu Sou que falou com Moisés a partir de uma sarça ardente, no Monte Horebe (Êxodo, 3,4). 

Tudo, pois, é tão simples, direto, sem complicações. Basta que se tenha a largueza de olhar que não deverá estar nunca nas orbitárias, como nas dos que se presumem estudiosos estimulados a exibirem suas teses e conclusões acerca disso e daquilo. Fico com o meu Jesus que ri em espírito, totalmente residido do Eu Sou, tendo dito palavras imorredouras a tantos ouvidos que persistem em permanecer fechados. Os que O podem ouvir são os que Dele extraem o pão da vida que Ele conjuga com Eu Sou (Eu sou o pão da vida – João 6, 48);são os que brilham como a luz que Ele irradia junto a Eu Sou (Eu sou a luz do mundo – João 8, 12); são os que prestam atenção e O vivem na condição de porta em que Se assumiu com Eu Sou (Eu sou a porta – João 10, 9); são os que atentam e O aceitam na condição de bom pastor em que Se assumiu com Eu sou (Eu sou o bom pastor); são os que guardam e vivem a ressurreição e a vida em que Se assumiu com Eu sou (Eu sou a ressurreição e a vida – João 11, 25 e 26)); são os que seguem e não se distanciam dos limites  do caminho, da verdade e da vida, em que Se assumiu com Eu sou (Eu sou o caminho, a verdade e a vida – João 14, 6)); são, enfim, os que se organizam na condição de videira em que Se assumiu com Eu Sou (Eu sou a videira – João 15,5).

Para tudo isso, enfim, descreia-se da “essência” com a qual possa parecer valioso todo o esforço humano, que está submetido aos caprichos do tempo e das circunstâncias deste mundo. Descreia-se, assim se diz, porque, de qualquer modo, é sempre bom que nos previnamos quanto a tudo, pois só conhecendo é que assim nos acercamos de cautelas. Demo-nos ao labor de enfrentar longas e cansativas dissertações e narrativas e que, para isto, necessário é que se creia; mas um crer provisório, como provisórias são todas as coisas do mundo. Assim, vem, na sequência, a descrença que possa dar passagem à divina condição que é verdadeira e que é o que unicamente interessa. Mas essa passagem não tem, nesse conhecer provisório, a conditio sine qua non para o brilho do divino. Só mesmo os cegos que se deixam prender por esse tipo de conhecimento é que não O alcançam, seja porque ficam “atolados” na tolerante medida do Céu, seja porque essa tolerância possa não lhes acontecer por evidente estado de beligerância infantil que teimosamente os assalte…

Só assim, então, operam os olhos de espírito com o novo nascimento e o novo nascido, cujo eu, expressão divina em seu mais profundo interior, vai gozando a intimidade com Eu Sou, passando a não-ser, divinalmente, tanto quanto Ele, pão da vida, luz, porta, bom pastor, ressurreição e vida, caminho, verdade e vida, videira e muitas outras manifestações de Eu Sou das quais nos fala a Palavra, tudo isso sem nenhuma pretensão de carne, pois esta, sim, é quem costuma se demorar e se sufocar no zelo excessivo que a possa fazer destacada perante os homens.

Assim, bendito seja o zelo que se possa exercer, tal qual o exercido, em espírito, pelo eu residido em Jesus de Nazaré, como Cristo. Aos que esse tanto alcançarem, mesmo que sejam cegos fisicamente, veem, com certeza, a luz brilhante e inconfundível de Eu Sou, sem necessidade, pois, de pregar revolução. E aquele que, na seara do divino, a tanto se atreveu (Lúcifer), teve por perdida a batalha e foi precipitado para a Terra, onde continua acusando os homens de serem inimigos de Deus, e tem nela, como protagonistas, os Anás e os Caifaz (pretensos aprisionadores de Deus); os Herodes e os Pilatos (aprisionadores de homens, enquanto na guerra matam e, na paz, lhes cobram extorsivos impostos); tem, também, os Judas Iscariotis (que traem); os Pedros (que negam); os Paulos (que criam e que endossam um sistema de morte vicária), quer sejam todos esses contemporâneos do Jesus histórico, quer sejam todos do dia presente e os de um futuro que se presume muito longo, todos, sem exceção, sendo como aqueles que dizem, em estudos profundos (para eles), que Jesus foi um zeloso revolucionário.

  Que cegos!

 

UM CONSIDERÁVEL E NECESSÁRIO REPARO

UM CONSIDERÁVEL E NECESSÁRIO REPARO

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

“- O que é VENENO?

– Qualquer coisa além do que precisamos é veneno. Pode ser preguiça, comida, ego, ambição, medo, raiva, ou o que for… 

– E o que é o MEDO?

– O medo é a não aceitação da incerteza. Se aceitamos a incerteza, ela se torna AVENTURA.

– E o que é a INVEJA?

– A inveja é a não aceitação do bem no outro. Se aceitamos o bem, se torna INSPIRAÇÃO.

– O que é a RAIVA?

– Raiva é a não aceitação do que está além do nosso controle. Se aceitamos, ela se torna TOLERÂNCIA.

– E o que é o ÓDIO?

– O ódio é a não aceitação das pessoas como elas são. Se aceitamos incondicionalmente, então se torna AMOR.

– E o que é MATURIDADE ESPIRITUAL?

– É quando você para de tentar mudar os outros e se concentra em mudar a si mesmo;

– É quando você aceita as pessoas como elas são; 

– É quando você entende que todos estão certos em sua própria perspectiva; 

– É quando você aprende a deixar ir;

– É quando você é capaz de não ter “expectativas” em um relacionamento e se doa pelo bem de se doar. 

Maturidade espiritual… 

– É quando você entende que o que você faz, você faz para a sua própria paz;

– É quando você para de provar para o mundo quão inteligente você é; 

– É quando você não busca aprovação dos outros; 

– É quando você está em paz consigo mesmo. 

Maturidade espiritual… 

– É quando você é capaz de distinguir entre precisar e querer e é capaz de deixar ir o seu querer; 

Por último, e mais significativo…Você ganha maturidade espiritual quando você para de anexar felicidade em coisas materiais!

Eu desejo que você VIVA!

RUMI”

…………………………….

 

Forçoso é reconhecer que razão tem o autor do introito, menos no que se refere aos tópicos onde ele se inclina a uma pessoalização. O você destinado ao leitor e ao narrador, por óbvio, olvida-se inteiramente de que não pode ser o meu pobre mim de carne (indivíduo, com persona, máscara de representação social), tanto quanto o daquele autor e igualmente o seu, leitor que me lê, quem alcança amor e maturidade espiritual. Esses citados personagens somos todos gordos de ânsias de ego, com mísera vontade. O alcance do amor e da maturidade espiritual vêm sem fricções quaisquer dos pobres sentidos de intelectivas projeçōes do conhecimento. Só a via intuitiva no Eu, pelo Eu e para o Eu descarta-nos a posição central de um querer e de uma vontade, e só D-, central-estático-essencial, alia-os de modo tal e os integra em… D-Eus! É, portanto, petulância inominável pretender-se, enquanto periférico-dinâmico-acidental, como o alvo do amor e da maturidade espiritual, senão reflexivamente, pois D-, Espírito, Se atém, em primazia, ao Eu, como o fez em relação ao Eu em Jesus de Nazaré pelo seu Unigênito Filho, o Cristo. Este o Filho amado que o compraz e que, com arma de ferir cabeça do Mal, por seu querer, atua contra este de modo a salvar o Eu em mim e o Eu em ti, leitor, leitora, sejam esse mim e esse ti ateus, fervorosos na fé, dizimistas etc., etc., etc., ou não. Êpa! Isso de ateu, de fé, de dízimo etc., etc., etc., em nada atinge o Eu! Ora, ora, quase que este pobre cronista caía na mesma esparrela do festejado autor do texto-intróito…

ESQUECIMENTO

ESQUECIMENTO
(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Com o avançar da idade do ser humano (já avançada), o esquecimento se torna notório, sem olvidar que ele – o esquecimento – é de fundo biológico, não decorrendo do querer de ninguém. O próprio ser que foi Jesus de Nazaré – abstraído o tanto do quanto de divino o libertou, enfim, de um túmulo – inclui-se como um daquele ninguém de uma diversificada generalização, tal como retromencionado. Não fora o limite de trinta e três anos, a projeção temporal natural de idoso o faria esquecer. Aliás, o querer de Deus é único a permitir que o Filho, vencedor de uma guerra no céu contra Lúcifer, suplante a arma do mesmo Lúcifer, agora Satanás, na terra, com capacidade de ferir somente até o calcanhar, eis que detém (o Filho) o poder de ferir cabeça daquele Mal, representado na serpente-falante do paraíso, devendo o referido Mal sair de cabeça ferida, Mal esse residente na realidade de quem passou (todos os filhos de mulher passam) a residir no imenso derredor do jardim paradisíaco, que é o mundo todo, mundo esse que está integralmente sob o tal Mal de Maligno. Estamos todos – ressalvados os Eus salvos pelo Filho no querer do Pai, em irrealidades de entes celestes, estamos todos – vínhamos dizendo – num corpo de carne, de músculos, de nervos, de ossos que são realidades submissas ao esquecer de um esquecimento, na alongada projeção de um tempo – nunca se duvide disso!

MEU ANIMAL E (MEU?) EU

MEU ANIMAL E O (MEU?) EU
(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Parados ou andando ou correndo ou deitado ou de cabeça para baixo, do jeito que for em que se estiver, somos os humanos, o conjunto de sentidos e de órgãos, que representam um lado animal que o temos, e não podemos negar. Não há ninguém, nascido de mulher, que se possa dispensar dessa condição animal, com órgãos, com sangue que circula em e por todo o corpo, com um sistema de respiração, com um sistema mastigatório e digestivo, começando, por óbvio, com a mastigação e terminando com a expelição de excrementos e urina, contudo, nesse processo todo, o mais importante é a energia que esse organismo termina assimilando e que o mantém vivo, no ciclo de toda uma vida que se vive. Veja-se que ninguém escapa dessa realidade. Ninguém. Pode ser o mais limpo, o mais asseado, aquela que, tão bela e altamente perfumada, desfila em passarelas, aqueles que, paletós das melhores marcas, se apresentam em salas, em auditórios, em fóruns, um trabalho, um corre-corre, mas a realidade animal está lá. Todos, sem exceção, carregam consigo as ações e reações de um processo que há de funcionar de modo tal, que conduza a um viver bem, sem dores disso ou daquilo. Aqui, acolá, há situações em que escapam os gases mal cheirosos, como a fazer lembrar que não adianta orgulhar-nos tanto, porque, dentro, se processa aquele alimento de que se alimenta, podendo ser coisa de rico ou de pobre, mas todos se transformam em líquido e em massa que são enfim expelidos. Então, os plebeus ou os ricos, os de cultura apurada, ou não, os que exercem cargos relevantes, ou não, são igualmente dessa realidade que fede, internamente, no que tem de ser expelido, obviamente. Inclusive os que se tornaram santos, ou seja, separados, por conta da bondade de Deus, que, por graça, permitiu que eles nascessem de novo. Mas, mesmo nascidos de novo, continuaram “mortos” da “morte” das ilusões do mundo, ainda que permanecendo vivos, à espera de uma bio-morte que termina vindo, inevitavelmente, para, aí sim, tudo feder. Há a vitória sobre a morte que tanto se propala no mundo religioso; esta vitória não é sobre a tal bio-morte. A vitória é a de uma “morte” que se “morre”, por vontade de Deus, por sua graça, “morte” que se “morre” – vínhamos dizendo – das ilusões do mundo. Esses são os santos, podendo sua separação se dar, até mesmo, pelo som da última trombeta, desde que a separação, a santidade seja de uma plenitude tal, que, de açoites, de espinhos de uma coroa de espinhos e de uma prisão a uma cruz não se submetam mais os sentidos dolorosos que disso podem advir, naturalmente. Quero, então, ressaltar um quadro animal que se vive mesmo em sanidade, separado, em santidade e que nele se é mergulhado inexoravelmente, ainda que sem se dar conta de sua própria natureza, que é provisória, contudo, pelo certo, é mais salutar, nunca se vive, em constância, mergulhando-se nessa realidade, vamos aqui chamar de cruel? Melhor é como que ignorá-la. Quer-se mesmo é viver a vida e nunca estar-se ligando as possibilidades quanto a ser ruim isso ou aquilo. Nesse sentido, o cuidado é de tamanho tal, que o homem alcançou uma rede de medidas que visa mantê-lo são, em sua realidade animal, para o seu bem e de todas os demais que o rodeiam. Essa realidade até aqui descrita, realidade de carne, de músculos, de nervos, de ossos, de sentidos, é ela a que se vê refletida e comprometida em batismos, de quaisquer espécies, seja por aspersão ou por imersão, ao natural, em águas correntes, ou em templos ditos religiosos, em tanques ou pias chamadas batismais. Porque o batismo de fogo nada tem a ver com o batismo do que é animal, senão reflexivamente. É quando, nascendo-se de novo, a vontade de Deus assim quer, a partir da enorme satisfação do “este é o meu amado filho em quem me comprazo; escutai-o”. Esse consentir divino conduz ao Getsêmani do “Não seja feita a minha vontade, Pai, mas a tua vontade”. Pois bem, nem mesmo a graça que conduz, por vontade divina, a uma determinação desta, pode o animal contrariar, mesmo que batizado. Tanto que Maria disse sim, mesmo podendo dizer não, um não, entretanto, que seria em vão, porque o sim da graça é de inevitável eclosão. Pois o não de Jonas nos mostra que foi preciso o incompreensível de um vômito de uma baleia para que ele terminasse cumprindo aquilo que lhe foi uma determinação de Deus. E Moisés também não recuou, apenas achou-se pequeno, procurando saber quem mandava que ele agisse de modo a tirar o seu povo do cativeiro dos egípcios. E lhe foi dito, ante a pergunta “quem te mandou fazer?”, bastaria dizer: “Eu sou”, assim ele mandou e manda fazer. Então, tudo isso se dá ao nível do animal, porém, até contra a sua vontade ou mesmo atitude de impacto, como assim foi com Sarai, alvo de graça que encarou com risadas de quem era uma carne de animal, que tem o que fede, por dentro, contudo, pode, como pôde, ser alvo de uma graça, como já dito, a de ter filho na velhice, o filho da promessa, Isaque. Afinal, quem saiu de sua terra e de sua parentela, Abrão e que, em razão de tais saídas, se tornou Abraão, mesmo neste papel de agraciado pela ordem divina, nunca deixou de ser animal. E aqui não se fala de separado, de santo, ele é sim um patriarca, da sociedade patriarcal dos Judeus. Pois bem, vive-se, neste mundo de encarnação e de encarnados,
inevitavelmente, porque, como Deus, o Natal se manifesta, cada um tem o seu, individualmente, como o Natal de Adão e de Eva, privilegiados de um jardim, só que, com iniquidade de desobediência, agora, todos e cada um nascem, têm o seu Natal no imenso derredor do primeiro jardim, derredor esse que é o mundo, em sua imensidade. Vem, então, por vontade de Deus, dentre muitos chamados e poucos escolhidos, pela vontade exclusiva de Deus, pois, quando ele quer, a vontade humana se destrói, se anula, vive uma decepção de vida, porque é como não tivesse condição de viver o e no derredor do jardim primevo, como Caim, que ficou com um sinal na sua testa, o sinal desse separado se firma e se afirma no poder divino de realizar o irrealizável. Todos esses Adãos e todas essas Evas, o e a do jardim primevo, como os e as do imenso derredor do tal jardim, como, enfim, os e as do novel jardim, são tópicos e típicos, mas do ponto de vista da carne, dos músculos, dos nervos, dos ossos, porém, esses do e essas do segundo jardim, se são tópicos e típicos, deixam de sê-los e de sê-las pelo novo nascimento, mantendo o ser em eternidade e infinitude que nunca deixaram de ser, senão não seriam eternos e infinitos, sempre. Como, aliás, disse Jesus: “Antes que Abraão fosse, eu sou”, esses habitantes do novel jardim de Getsêmani não se há de dizer que nunca foram ou que ainda podem ser ou como ainda poderão ser, porque o animal, até a consumação do século, vai prosseguindo e se finando, nesses compartimentos temporais, mas o eterno e o infinito, por o serem assim, nunca deixam, deixarão ou deixariam de ser, sob pena de se negar o que inegável o é ou inegáveis os são ou mais propriamente não são pela complacência de uma extensão e de um fim, respectivamente. Então, os santos, não digo de todos os tempos, mas do sempre, eternos, infinitos, se formos buscá-los, há uma infinidade deles, batistas, joãos,madalenas, filipes, estêvãos, paulos, pedros, jesuses, davis, salomões, marias, lucases, mateuses, marcoses, agostinhos, thomases de aquinos, joões paulos segundos, dons hélderes câmaras, teresas de calcutares, marias de nazaré, das conceições, das dores, mães dos homens, imaculadas, terezinhas de jesuses, sãos josés operários, sãos josés dos egitos, sãos sebastiões, sãos josés de anchietas, sãos franciscos, santas claras, padres josés coutinhos, todos, todos, todos, sem exceção, inclusive os que a minha incapacidade de memória de cronista os reteve esquecidos, não lembrados, com certeza florescem nesse novel jardim, o de Getsêmani, jardim que os olhos de carne, inclusive os de seus próprios habitantes, não podem nem hão de vê-lo, jamais. “Veem-no” os olhos em espírito, de espirito, por espirito dos que, seus habitantes, acham-se em indimensão de tempo e de lugar, sendo em eternidade e infinitude, antes que Abrão tivesse sido, pois o Abraão, esse é o que sai de terra e de parentela, porque é sempre eterno e infinito. É quando um quando da carne de dorieis sai de sua terra e de sua parentela, sem receios de críticas, se assume em posse do nascimento divino, em espírito, de espirito, por espirito, para o registro, aqui, nessa sopa de letras e de letrinhas, por onde não deve haver onde nem por onde, a indimensão do céu, sim, o pondo, nem tanto, o tornando indimensionado na dimensão de eterno e de infinito, como e com em todos os santos citados e os ainda por citar, também. Mas não se duvide, esses dorieis são carne e fedem no que têm de feder, até que desponte a bio-morte e, depois, até a consumação do século, para ela carne morta, nunca para o nascido de novo, pela graça, em espírito de espirito por espirito, o eu nesse pobre mortal de carne dos dorieis. Assim, como começamos dizendo, “Parados ou andando ou correndo ou deitado ou de cabeça para baixo, do jeito que for em que se estiver, somos os humanos, o conjunto de sentidos e de órgãos, que representam um lado animal que o temos, e não podemos negar. Não há ninguém, nascido de mulher, que se possa dispensar dessa condição animal, com órgãos, com sangue que circula em e por todo o corpo, com um sistema de respiração, com um sistema mastigatório e digestivo, começando, por óbvio, com a mastigação e terminando com a expelição de excrementos e urina, contudo, nesse processo todo, o mais importante é a energia que esse organismo termina assimilando e que o mantém vivo, no ciclo de toda uma vida que se vive. Veja-se que ninguém escapa dessa realidade. Ninguém. Pode ser o mais limpo, o mais asseado, aquela que, tão bela e altamente perfumada, desfila em passarelas, aqueles que, paletós das melhores marcas, se apresentam em salas, em auditórios, em fóruns, um trabalho, um corre-corre, mas a realidade animal está lá. Todos, sem exceção, carregam consigo as ações e reações de um processo que há de funcionar de modo tal, que conduza a um viver bem, sem dores disso ou daquilo. Aqui, acolá, há situações em que escapam os gases mal cheirosos, como a fazer lembrar que não adianta orgulhar-nos tanto, porque, dentro, se processa aquele alimento de que se alimenta, podendo ser coisa de rico ou de pobre, mas todos se transformam em liquido e em massa que são enfim expelidos. Então, os plebeus ou os ricos, os de cultura apurada, ou não, os que exercem cargos relevantes, ou não, são igualmente ambulantes dessa realidade que fede, internamente, no que tem de ser expelido. Inclusive os que se tornaram santos, ou seja, separados, por conta da bondade de Deus, que, por graça, permitiu que eles nascessem de novo. Mas, mesmo nascidos de novo, continuaram “mortos” da “morte” das ilusões do mundo, ainda que permanecendo vivos, à espera de uma bio-morte que termina vindo, inevitavelmente. Há a vitória sobre a morte que tanto se propala no mundo religioso; esta vitória não é sobre a tal bio-morte. A vitória é a de uma “morte” que se “morre”, por vontade de Deus, por sua graça, “morte” que se “morre” – vínhamos dizendo – das ilusões do mundo. Esses são os santos, podendo sua separação se dar, até mesmo, pelo som da última trombeta, desde que a separação, a santidade seja de uma plenitude tal, que, de açoites, de espinhos de uma coroa de espinhos e de uma prisão a uma cruz não se submetam mais os sentidos dolorosos que disso podem advir, naturalmente”. Ufa, fomos longe na repetição. Vamos parar por aqui, nesse animal que fede e que tecla, e que federá inteiramente no fim e ao cabo, mas cabe no cabo de um querer divino, que possa fazer o eu de novo nascido, desperto, um eu que jamais poderá ser meu nem de ninguém enquanto animal.