PROVISÓRIOS DOCES X CONVERTIDOS CORAÇÕES

PROVISÓRIOS DOCES X CONVERTIDOS CORAÇÕES 

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Na páscoa tão doce deste nosso tempo, tem-se morrido para o ressurgimento anunciado em tantas redes (sociais, supermercadistas, de entregas e de intrigas também), enquanto a Páscoa que importa há de dar uma passagem bem escondida em convertidos corações. Assaz vigorosa se faz referida passagem, em graça e por graça, seja o homem do cristianismo, do bramanismo, do budismo, do islamismo etc., mesmo que fervoroso e tão pleno de súplicas, ou não; e isto é válido também para ateus. A graça torna aborrecida a divina providência, mesmo assim sem Lhe cessar a Misericórdia. Já os doces pelos quais se ressurge em tantas redes, tantas vezes se tornam salgados, em consequência de glicemias extravagantes, até o ponto de o descontrole descontrolar o bem-estar de tantos. Pois não somente de doces se suportam os vivos da vida abundante que, de doce, precisam do sal para se prevenirem do mal e se conservarem no bem. A páscoa com o “p” minúsculo, pois, tem sido a passagem de tantas e quantas ofertas, embalagens de doces em variegadas e extravagantes cores, formato oval enganador que, de ovo, nem mesmo se envergonha dos exagerados tamanhos estranhos àqueles reais da dona e senhora natureza. E o cronista, como visto, fica qual um pé cá e outro lá, uma hora se envolvendo com os doces e os seus sais, outra, se atendo à passagem salvadora de corações, porque convertidos deveras. Mas, logo, nem propriamente o cronista, que é carne, mas o Eu nele direciona a força (só a divindade sabe como), a força  – vinha ele digitando – da ponta de um dedo sobre o  teclado de um tablet, ele Eu sem aquelas mencionadas vestes do cristianismo, do bramanismo, do budismo, do islamismo etc., tão menos importantes como os próprios representantes dos tais segmentos de religiosos propósitos. É em senda de espírito, em espírito, por espírito, em divina inconsciência, que a passagem de “P” maiúsculo ativa-nos o Eu-divino, leitor,  em gozosa expectação, onde o Mal, em seu si e em meu mim, não resiste à refrega com o crístico de Amado Filho, conforme assim compraz à Divindade, porque, face divina promessa, o tal Mal ficou limitado a poder somente ferir até a altura de calcanhares; mas o Filho Amado, este fere cabeça. Enfim, leitor, não se permita nunca a sua carne nem muito menos a minha, em primazia, assistindo e gozando essa passagem de Páscoa com “P” maiúsculo; pura ilusão da carne deste mundo…

CORPUS CHRISTI SEM CORPUS

CORPUS CHRISTI SEM CORPUS

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Na quinta-feira da semana (mal) dita santa, pois de inspiração e de poder de quem é pai de apego e de mentiras, Jesus de Nazaré fez uma ceia (larga) com os seus discípulos, na qual pediu para ser lembrado, com o pão e o vinho, como carne que aproveita o espírito que viria (como veio) em Pentecostes, antes, porém, passando por um Getsêmani, por uma prisão, por uma flagelação, cravejamento das mãos e dos pés, numa cruz, morrendo morte física, ressuscitando, porém, de uma “morte” das ilusões do mundo, começada a tal “morte” com as tentações sofridas, vencidas e culminadas no Gtesêmani, ascendendo ao céu e, como celebração maior, Corpus Christi, não mais a carne nem o vinho, propriamente, é o corpo que não o é, presença que não é física e faz de físico e constante e eterno e infinito o veículo do amor maior de Deus, Jesus, mesmo que você, leitor, não queira, seja por ser ateu, cristão, budista, muçulmano, etc., num Jesus como que gritando “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” e, apesar disso, o homem religioso, na prática, se exibe necessitado de um referencial, daí que criou a hóstia, como sendo aquele pão, como sendo carne e o vinho como sendo o sangue, em santíssimo sacramento, mas a certeza maior, advinda daquilo que os olhos de carne de ninguém não veem, é esse “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, não há expressão religiosa maior, agora, novamente, recaindo, também, sempre numa quinta-feira, festiva, em já tradicionais tapetes multicoloridos, sobre os quais passam fiéis em procissões, de corpo que não é corpo, de Deus que não se expressa nem em ouro, nem em prata, nem em trigo, nem em vinho, mas efetivamente se expressa nesse “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Isso, sim, embora não seja presença, torna-nos certos de vivermos com ele vivo e muito vivo em nós, desde que permaneçamos no seu amor, o amor tal como ele nos amou e que nos amando uns aos outros implica em repetir o que ele nunca deixará de ser, amor, amor, amor, sempre amor. Mas, cuidado, carne, que isso não é nem pode ser contigo, conquanto sejas residência do Eu-espírito que vive esse amor… Melhor explicando, a semana apregoada como solta aos ventos e espalhada em espalhafatosos fatos, mostrando humanas vontades, vontades de homens em aglomerados que se chamam de sociais, a daquele fenômeno justamente que fez o errante Caim fundar, como sendo a primeira das cidades, a cidade de Nod… É esta a descrição completa como santa de um cenário de sangue, sem olvidar as preliminares de chibatadas, passando em coroação com espinhos, gotas de sangue em um Getsêmani, corpo preso por cravos nas mãos e nos pés, sangue escorrendo pelo lenho. É este mesmo o quadro do homem das dores, do homem desprezado no dizer de Isaías (vide Capítulo 53, livro bíblico de igual nome), que se assume na perversa vontade dos homens. O homem iluminado, Jesus, ante cilada do demo, livrou-se das tentações, no deserto, sempre lhe bastando apegar-se a exatas passagens da palavra santa. Contudo, na tal semana, agora digo (mal) dita santa, esse tal mal se plasma seja quando afrontou o comércio do templo, seja quando, em cortejo, se fez parecer a humilde rei montado num burrico, isto como uma entrada triunfante na cidade grande. Enfim, no epílogo de tudo, lá estava o demo gargalhando ao pé da cruz, como a querer demonstrar que o mundo era dele mesmo. E é, sua estratégia está por derradeiro no pão sacramentado como partícula a que se tem chamado hóstia consagrada. E o “amai-vos como eu vos amei” se tem tornado menos ou mesmo nada importante. Põe-se porta a dentro a tal partícula, mas fora dela (da porta) permanece o “amor ao próximo” que é o mesmo que “amor de Deus”; fora da porta, pois, qual um pobre abandonado. E tal abandono mais se acentua, na medida em que grandes e majestosas se fazem as festas populares em tapetes artisticamente preparados para passar um corpo do Senhor, pisoteando de esquecimento o “amai-vos uns aos outros como eu os vos amei”.

É PELA GRAÇA QUE A MISERICÓRDIA DE DEUS SE NOS DERRAMA

É PELA GRAÇA 

QUE A MISERICÓRDIA DE DEUS 

SE NOS DERRAMA(1Cor 15,10)

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Paulo Apóstolo, falando a habitantes da cidade de Corintos, na 1ª Carta aos coríntios, aplica, no Capítulo 15, versículo 10, um “sou o que sou” que a muitos pode iludir, porque a Misericórdia de Deus enche a parte fraca – a carne – de fé e, com ela, possibilita qualquer encarnado “perdoar até setenta vezes sete”, por exemplo. Se é só de carne aquela afirmação, razão não assistiria, pois, a Paulo; mas vamos melhor atentar para ela. De graça, ou seja, gratuitamente, Deus Misericordioso suscita certas ações humano-religiosas, conscientes, como adjutórios,  juntamente com as quais, inconscientemente, o Eu divino em meu mim de carne e o Eu divino em teu ti de carne, leitor, leitora, se privilegiam e ficam assistindo à guerra que o Cristo, com arma que fere cabeça, prende o agente do Mal, este que, bem se sabe, de arma, possui apenas e exatamente uma que, no máximo, somente pode ferir até os calcanhares. As ações humano-religiosas, embora, por conscientes, desenvolvidas no estado de uma presença de Mal (Romanos, Capítulo 7, versículos 14 a 25), sem se estar, pois, desligado do ser como pensante, com o ego ali insistente e insinuante e gordo de ânsias, as ações humano-religiosas – vínhamos dizendo – são de variadas formas, podendo-se, aqui, relacionar algumas, pedindo, de logo, perdão por poder parecer (aos profanos) que sejam um tanto cansativas. Ei-las, então: ações humano-religiosas de quem encarna bons samaritanos (Lucas, Capítulo 10, versículos 30 a 37); ações humano-religiosas de quem aceita encher talhas com água que se transforma em vinho (João, Capítulo 2, versículos 1 a 12, especialmente o versículo 7); ações humano-religiosas de quem tem coragem de tirar a pedra de sepulcros com corpo de morto já malcheiroso (João, Capítulo 11, 39 a 44, especialmente os versículos 39 e 41); ações humano-religiosas de quem adocica, por meio de salmos, o coração devorado por violências e guerras (Salmos, de 1 a 150, apesar de 1Samuel, Capítulo 18, versículos 25 a 27, apesar de 2Samuel, Capítulo 11, versículos 1 a 27 e muitos outros episódios violentos); ações humano-religiosas de quem se aceita sucumbido, pela própria força bruta aparentemente suicida, e destrói edificação inimiga e, com ela, os que nela se encontravam em diversões e zombarias (Juízes, Capítulo 13 e seguintes); ações humano-religiosas de quem encarna aceitar a ordem e lança sua rede de pesca à direita do barco (João, Capítulo 21, versículos 1 a 6); ações humano-religiosas de quem se encarna fugitivo, porém, depois, aceita-se obediente para falar de Deus (Jonas, Capítulos 1, 2 e 3); ações humano-religiosas de quem encarna não se deixar recriminar por um “vade retro, satanás”(Marcos, Capítulo 8, versículos 27 a 33); ações humano-religiosas de quem encarna a desnecessidade de ver para crer (João, Capítulo 20, versículos 26 a 29); ações humano-religiosas de quem encarna reconhecer-se com pecado e, por isso, nunca atira nem a primeira, quanto mais tantas outras pedras (João, Capítulo 8, versículos 2 a 11, especialmente o versículo 7); ações humano-religiosas de quem encarna a aceitação, mesmo após duvidar, por vezes, de se banhar em água prometida como de cura (2Reis, Capítulo 5, versículos 1 a 14); ações humano-religiosas de quem encarna o batismo, em água, de religiosos processos que fazem diminuídas as tensões de maldades por respeito aos benéficos efeitos de chacras, em sua dimensão corpórea e psíquica (1Pedro, Capítulo 3, versículo 21); ações humano-religiosas de quem encarna tentar levar de vencida o ego e espera superar tentações (Mateus, Capítulo 4, versículos 1 a 11); ações humano-religiosas de quem encarna conduzir-se por sendas bem-aventuradas (Mateus, Capítulo 5, versículos 1 a 48); ações humano-religiosas de quem encarna comportamentos como ovelhas que aceitam pastores de lobos por eles pastores presos (João, Capítulo 10, versículos 1 a 15); ações humano-religiosas de quem encarna não-prodigalidades, porque tenta uma vida de respeito aos estágios naturais dela (Lucas, Capítulo 15, versículos 11 a 32); ações humano-religiosas de quem encarna a doação de uma esmola, sem permitir anunciar, por trombetas, a satisfação do seu ego (Mateus, Capítulo 6, versículo 2); ações humano-religiosas de quem encarna aceitar não ser digno de entrar e cear com Jesus (Apocalipse, Capítulo 3, versículo 20); ações humano-religiosas de quem encarna como relevantes as ações (como está em Mateus, Capítulo 25, versículo 35) em favor de quem tem fome (de todo tipo de fome), de quem tem sede (de todo o tipo de sede), de quem está nu (de todo o tipo de nudez), de quem está preso (de todo o tipo de prisão), de quem está doente (de todo o tipo de doença). E poderíamos nos deter em citações outras, de exemplos humanos-religiosos que, praticados pelo homem, fazem-no adequar-se a verdadeiros néscios, acaso confie apenas na misericórdia dele (coitada!), quando deveria pô-la na conta de verdadeira Misericórdia com eme maiúsculo, a Misericórdia de Deus. Então, ao dizer Paulo  “sou o que sou”, em vontade que se dissesse sua, tal assertiva seria, portanto, pobre, porque contaminada com a presença do ego que é nele, o ego da capacidade intelectual que é sinuosa, porque serpenteia. Por isso mesmo, ante tal conduta que consistiria em puríssima ilusão, se há de ter todo o cuidado e toda a atenção para afastar essa maldita intelecção e, no seu lugar, firmar-se na certeza de que a graça, a gratuidade que pode fazer um daqueles encarnados só pode mesmo advir de Deus Misericordioso. Deus é gratuito, sim, não é “merecível”, seu acesso ao humano se faz de graça e pela graça Dele. Então, em termos de providência de amor, na minha e na tua carne, leitor, leitora, como resididas do Eu divino, inconscientemente, por vontade de Deus, suplanta-se esse Eu divino imune a influências de carne, inteiramente, por divina e misericordiosa vontade de Deus na consecução daqueles exemplos maravilhosos e de outros tantos; e, eterno, infinito, continua inconsciente no colo de Deus, Espírito; porém, mesmo com a Misericórdia de Deus, o encarnado daqueles e de outros tantos exemplos de ações humano-religiosas, em espírito, de espírito, por espírito, acha-se consciente, está vivo, pensando, o ego à espreita, em ciladas inesperadas e por vezes cruéis, enquanto aquela Misericórdia abranda o coração tantas vezes amargurado, e resulta produzida a humanidade que torna o homem como Filho do Homem. Ser o que se é, como pode sugerir a forma dita por Paulo, como um resultado de ação meramente humana, equivale a iludir-se, pois, nunca, por vontade contaminada de ego, mas sim pela Misericórdia de Deus é que se torna o ego apaziguado, com a vontade do homem anulada pelos exemplos maravilhosos que só a Misericórdia de Deus pode proporcionar. É pela graça, jamais com um “sou o que sou“, é pela graça da Misericórdia de Deus que se derramam, no Eu em meu mim de carne e no Eu em teu ti de carne, leitor, leitora, como no Eu em Paulo Apóstolo já podem ter sido (derramadas), que se derramam – vínhamos dizendo – ações humano-religiosas tantas e tantas e tantas, cabendo, então, respeitoso abandono àquele “sou o que sou“, porque decorrente de egos gordos de tantas ânsias, à evidência, como as  ânsias do próprio autor que, neste ponto, dá por finalizada a presente crônica, sem pretender escondê-las! 

CEGOS

CEGOS

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

1 – Salmos, 69, 9 Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim.

2 – João, 2, 17 E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará.

3 – A partir dessas passagens da Palavra de Deus, pode-se dizer que Jesus, com o seu zelo, há de ser visto como um revolucionário?

Cegos plenamente, ante a condição essencial, divina, do ser humano Jesus-tornado-Cristo ou do Cristo-assumido-em-Jesus, são todos aqueles homens-gênero que se detêm em apreciar o lado telúrico desse homem que, apesar daquela plenitude crística, ainda se apresenta pequeno, como não poderia deixar de ser, porque a carne, mesmo ressurrecta, ainda é continente pequeno para abrigar o eterno e o infinito da Toda-Poderosa Divindade, obviamente. Ficam, pois, como que perdidos e sem rumo certo esses que se entregam a demoradas considerações históricas, tradicionais, na vã tentativa de imprimirem importância maior a este lado, quando a importância verdadeira não tem lado, porque é justamente no eterno e no infinito do divino e do espiritualismo que esta se assume incomparavelmente essencial. 

Os olhos de espírito em Jesus de Nazaré fizeram-no, em carne, sorrir a alegria de Deus, em ter este o seu Unigênito realizado, porque residido na sua criatura excelente, o homem, que tanto o decepcionara no Jardim do Éden, mas, agora, aquele homem, também um Adão, desta feita não pura e simplesmente com Eva, mas com uma Eva de Magdala, tinha transposto, em definitivo, a desobediência original causadora de todos os males do mundo em obediência. E, como se sabe, esses males foram inoculados por meio de disfarce em serpente falante, com a qual Lúcifer,  perdedor da batalha travada no Céu, com o Arcanjo Miguel, permanece, embora derrotado, acusando o homem de ser, por natureza, contra Deus.

A Divindade, misericordiosa, ainda bem, socorre aqueles cegos, toma-os pelas mãos, desde, porém, que aquela perda de tempo deles seja a da inutilidade pura e simples que seus esforços representam, no e para o mundo; porque se os seus esforços se prestam, exatamente, ao travamento de uma batalha contra o divino, de posição diametralmente contrária a ele, enfim é despiciendo até dizê-lo, mas, em nome da melhor clareza, não custa dizer que os “burros n’água” são a inevitável consequência, para eles, coitados. Quem sabe – não o pode sentenciar este humilde escriba, mas a própria Divindade o pode – a negativa de qualquer farrapo de misericórdia para com eles seja mesmo inevitável….

Tenho por zeloso o meu Jesus histórico, mas zeloso para com os assuntos da Casa de Deus, sem nisso consistir qualquer sentido de tomada do poder que é próprio dos homens em sua organização social e política. 

Não necessito, por isso, me deter em longas e cansativas incursões ditas históricas, em detalhes mínimos até, inclusive com defesa de teses para o mundo acadêmico. Isso é coisa que só faz distrair a atenção mais especial e importante que se deve ter para com o poder divino plasmado em cristicidade no todo que foi, é e continuará sendo a compleição física e psíquica do ser que habitou na Galileia (Jesus) e que, por revelação obtida a partir de (seus?) olhos de espírito, se antecipou ao eclodir escatológico. Essa antecipação o faz autoridade intercessora única perante a Divindade, para os que, tanto homens quanto ele, possam também, em olhos de espírito, assumir a dimensão do crístico em si ou do si no crístico, tal como o Cristo-assumido-em-Jesus ou o Jesus-tornado-Cristo. Certamente, ele foi, é e continua sendo o nascido de novo que, como o vento, não sabe para onde vem nem para onde vai (João 3, 8) e que conjuga, em si, o Eu Sou, Aquele mesmo Eu Sou que falou com Moisés a partir de uma sarça ardente, no Monte Horebe (Êxodo, 3,4). 

Tudo, pois, é tão simples, direto, sem complicações. Basta que se tenha a largueza de olhar que não deverá estar nunca nas orbitárias, como nas dos que se presumem estudiosos estimulados a exibirem suas teses e conclusões acerca disso e daquilo. Fico com o meu Jesus que ri em espírito, totalmente residido do Eu Sou, tendo dito palavras imorredouras a tantos ouvidos que persistem em permanecer fechados. Os que O podem ouvir são os que Dele extraem o pão da vida que Ele conjuga com Eu Sou (Eu sou o pão da vida – João 6, 48);são os que brilham como a luz que Ele irradia junto a Eu Sou (Eu sou a luz do mundo – João 8, 12); são os que prestam atenção e O vivem na condição de porta em que Se assumiu com Eu Sou (Eu sou a porta – João 10, 9); são os que atentam e O aceitam na condição de bom pastor em que Se assumiu com Eu sou (Eu sou o bom pastor); são os que guardam e vivem a ressurreição e a vida em que Se assumiu com Eu sou (Eu sou a ressurreição e a vida – João 11, 25 e 26)); são os que seguem e não se distanciam dos limites  do caminho, da verdade e da vida, em que Se assumiu com Eu sou (Eu sou o caminho, a verdade e a vida – João 14, 6)); são, enfim, os que se organizam na condição de videira em que Se assumiu com Eu Sou (Eu sou a videira – João 15,5).

Para tudo isso, enfim, descreia-se da “essência” com a qual possa parecer valioso todo o esforço humano, que está submetido aos caprichos do tempo e das circunstâncias deste mundo. Descreia-se, assim se diz, porque, de qualquer modo, é sempre bom que nos previnamos quanto a tudo, pois só conhecendo é que assim nos acercamos de cautelas. Demo-nos ao labor de enfrentar longas e cansativas dissertações e narrativas e que, para isto, necessário é que se creia; mas um crer provisório, como provisórias são todas as coisas do mundo. Assim, vem, na sequência, a descrença que possa dar passagem à divina condição que é verdadeira e que é o que unicamente interessa. Mas essa passagem não tem, nesse conhecer provisório, a conditio sine qua non para o brilho do divino. Só mesmo os cegos que se deixam prender por esse tipo de conhecimento é que não O alcançam, seja porque ficam “atolados” na tolerante medida do Céu, seja porque essa tolerância possa não lhes acontecer por evidente estado de beligerância infantil que teimosamente os assalte…

Só assim, então, operam os olhos de espírito com o novo nascimento e o novo nascido, cujo eu, expressão divina em seu mais profundo interior, vai gozando a intimidade com Eu Sou, passando a não-ser, divinalmente, tanto quanto Ele, pão da vida, luz, porta, bom pastor, ressurreição e vida, caminho, verdade e vida, videira e muitas outras manifestações de Eu Sou das quais nos fala a Palavra, tudo isso sem nenhuma pretensão de carne, pois esta, sim, é quem costuma se demorar e se sufocar no zelo excessivo que a possa fazer destacada perante os homens.

Assim, bendito seja o zelo que se possa exercer, tal qual o exercido, em espírito, pelo eu residido em Jesus de Nazaré, como Cristo. Aos que esse tanto alcançarem, mesmo que sejam cegos fisicamente, veem, com certeza, a luz brilhante e inconfundível de Eu Sou, sem necessidade, pois, de pregar revolução. E aquele que, na seara do divino, a tanto se atreveu (Lúcifer), teve por perdida a batalha e foi precipitado para a Terra, onde continua acusando os homens de serem inimigos de Deus, e tem nela, como protagonistas, os Anás e os Caifaz (pretensos aprisionadores de Deus); os Herodes e os Pilatos (aprisionadores de homens, enquanto na guerra matam e, na paz, lhes cobram extorsivos impostos); tem, também, os Judas Iscariotis (que traem); os Pedros (que negam); os Paulos (que criam e que endossam um sistema de morte vicária), quer sejam todos esses contemporâneos do Jesus histórico, quer sejam todos do dia presente e os de um futuro que se presume muito longo, todos, sem exceção, sendo como aqueles que dizem, em estudos profundos (para eles), que Jesus foi um zeloso revolucionário.

  Que cegos!

 

UM CONSIDERÁVEL E NECESSÁRIO REPARO

UM CONSIDERÁVEL E NECESSÁRIO REPARO

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

“- O que é VENENO?

– Qualquer coisa além do que precisamos é veneno. Pode ser preguiça, comida, ego, ambição, medo, raiva, ou o que for… 

– E o que é o MEDO?

– O medo é a não aceitação da incerteza. Se aceitamos a incerteza, ela se torna AVENTURA.

– E o que é a INVEJA?

– A inveja é a não aceitação do bem no outro. Se aceitamos o bem, se torna INSPIRAÇÃO.

– O que é a RAIVA?

– Raiva é a não aceitação do que está além do nosso controle. Se aceitamos, ela se torna TOLERÂNCIA.

– E o que é o ÓDIO?

– O ódio é a não aceitação das pessoas como elas são. Se aceitamos incondicionalmente, então se torna AMOR.

– E o que é MATURIDADE ESPIRITUAL?

– É quando você para de tentar mudar os outros e se concentra em mudar a si mesmo;

– É quando você aceita as pessoas como elas são; 

– É quando você entende que todos estão certos em sua própria perspectiva; 

– É quando você aprende a deixar ir;

– É quando você é capaz de não ter “expectativas” em um relacionamento e se doa pelo bem de se doar. 

Maturidade espiritual… 

– É quando você entende que o que você faz, você faz para a sua própria paz;

– É quando você para de provar para o mundo quão inteligente você é; 

– É quando você não busca aprovação dos outros; 

– É quando você está em paz consigo mesmo. 

Maturidade espiritual… 

– É quando você é capaz de distinguir entre precisar e querer e é capaz de deixar ir o seu querer; 

Por último, e mais significativo…Você ganha maturidade espiritual quando você para de anexar felicidade em coisas materiais!

Eu desejo que você VIVA!

RUMI”

…………………………….

 

Forçoso é reconhecer que razão tem o autor do introito, menos no que se refere aos tópicos onde ele se inclina a uma pessoalização. O você destinado ao leitor e ao narrador, por óbvio, olvida-se inteiramente de que não pode ser o meu pobre mim de carne (indivíduo, com persona, máscara de representação social), tanto quanto o daquele autor e igualmente o seu, leitor que me lê, quem alcança amor e maturidade espiritual. Esses citados personagens somos todos gordos de ânsias de ego, com mísera vontade. O alcance do amor e da maturidade espiritual vêm sem fricções quaisquer dos pobres sentidos de intelectivas projeçōes do conhecimento. Só a via intuitiva no Eu, pelo Eu e para o Eu descarta-nos a posição central de um querer e de uma vontade, e só D-, central-estático-essencial, alia-os de modo tal e os integra em… D-Eus! É, portanto, petulância inominável pretender-se, enquanto periférico-dinâmico-acidental, como o alvo do amor e da maturidade espiritual, senão reflexivamente, pois D-, Espírito, Se atém, em primazia, ao Eu, como o fez em relação ao Eu em Jesus de Nazaré pelo seu Unigênito Filho, o Cristo. Este o Filho amado que o compraz e que, com arma de ferir cabeça do Mal, por seu querer, atua contra este de modo a salvar o Eu em mim e o Eu em ti, leitor, leitora, sejam esse mim e esse ti ateus, fervorosos na fé, dizimistas etc., etc., etc., ou não. Êpa! Isso de ateu, de fé, de dízimo etc., etc., etc., em nada atinge o Eu! Ora, ora, quase que este pobre cronista caía na mesma esparrela do festejado autor do texto-intróito…