AGORA, UMA RELEITURA DO EU

AGORA, UMA RELEITURA DO EU

(Para iniciados e iniciandos, letras mortas para profanos)

Veja-se como são as coisas; coisas, sim, porque, neste mundo, viver delas, acercar-se delas é tônica de que não se desgarra nunca, jamais. Coisas, coisas, coisas, inclusive a ponta dos dedos que tocam essa coisa em que ora se digita e que tem o nome de tablet e que antes se chamava máquina de escrever. Pois bem; fui vítima de um assalto, faz poucos dias, por conta de uma coisa que produzi e fazia tempo não voltava minha atenção para ela. Passei dias imputando-me culpas. Nunca que devia tê-la produzido daquele modo, pois resultou ofensiva a tantas pessoas. Mas ainda ontem, num momento de muito relaxamento, voltei àquela coisa. Era um texto por mim produzido. Não tanto longo; era pequeno; era, não, é pequeno, pois ele existe, está intacto, a sua leitura não oferece dificuldade, e ele é bem direto, sem escamoteações, vai direto ao ponto pretendido. Fala sobre o que é crístico e o que é  cristão. Não duvido nada do que ele diz, pois nada mais nada menos trata da verdade pura, líquida e cristalina. Pois ele me tomou de assalto quando depois de algum tempo de produzido, a ele voltei e não tive o devido cuidado quando, no exercício da leitura, eu a fiz apressada e, por isso, estou aqui a produzir este texto, como para fazer um reparo daquilo que eu disse que foi uma surpresa, mas que terminou não sendo, agora que eu voltei a penetrar a essência daquele texto. Eu falava da estratégia de Satã; ora, é preciso todo o cuidado e toda a atenção para com este assunto que é muito sério. Vamos, então, ao dito texto, em sua inteireza, entre aspas, em itálico: “… E A ESTRATÉGIA CONTINUA Comer do pão e beber do vinho. Pão é o corpo, que há de ser comido e vinho é o sangue, que deve ser bebido….Quem isto construiu tem parte com o demônio. Aliás, a estratégia de Lúcifer vem dando certo em seus propósitos. A mais escandalosa é precisamente esta. Todos os dias, em séculos e milênios, os homens chamados, que são todos quantos estão em igreja (com “i” minúsculo), qualquer que seja ela, dentre aquelas que se dizem cristãs, evidentemente, pois eu falo de Cristianismo, fazem repetir, em simbolismo, sob os aplausos de sua condição de Anás ou de Caifaz e com o beneplácito de todos os outros ditos ovelhas, que são os Herodes ou os Pilatos, dominantes e seus dominados, fazem repetir – vínhamos dizendo – a maior das “artes” de Satanás, mediante a qual ele conseguiu que um homem-divino ou um divino-homem fosse execrado e morto de uma morte tão degradante, numa cruz. Sou assumidamente crístico (assim acho, pois ninguém, por si mesmo, em carne, pode garanti-lo) e nunca cristão, este que é precisamente todo aquele que segue, no curso do tempo, à sombra de uma cruz de madeira, dando curso às artimanhas do inimigo de Deus. Ao invés de retirar, papel este que vêm fazendo os crísticos, os cristãos mais e mais afundam nesse propósito de ferir o calcanhar da Igreja Verdadeira, embora a sua cabeça continue esmagada pelo Cristo. Essa Igreja Verdadeira, não institucionalizada, sem mando nem co-mando de ninguém, sem homem-carne nenhum que se credite a si, na carne, uma santidade, é fruto de um nascimento novo, em espírito, de quantos, membros em tenda de carne, em novo nascimento, fazem da vontade do céu uma realidade da terra, ou seja, como já concreta a invisível consequência desta seguinte promessa: “Então, espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícies e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis” (Ezequiel, 36, 25 a 27). Pois bem. Somos todos, inegavelmente, neste mundo, institucionalmente falando, em todas as épocas, na linha de mando e de co-mando civil e militar, os Herodes e os Pilatos, dominantes e dominados, e, na linha religiosa, os Anás e os Caifaz, pseudos-aprisionadores de Deus. Vimos, assim, nessas características, de um lado, impondo-nos, uns aos outros, onde o contragosto sempre termina no imposto e, de outro lado, no processo de tentativas do aprisionamento de Deus. É que, embora sem mais o suporte de um Paraíso, continuamos sendo sempre os Adãos e as Evas de barro, como depósitos do sopro de Deus de almas viventes, carregando, sem exceção, o original pecado decorrente da desobediência. Sorte nossa que o verbo feito carne desde a fundação do mundo (o Cristo) foi, finalmente, desperto e realizado por um ser vivente, um também Adão, Jesus de Nazaré, que nasceu de novo plenamente para Deus, que fundou a Verdadeira Igreja, a dos crísticos, a qual vem ferindo a cabeça do inimigo, enquanto este continua lhe ferindo o calcanhar. Acumulam-se, destarte, em vão, as intrigas de uma disputa, que começou no céu, tendo Miguel por arcanjo que venceu a Lúcifer, o qual, por ser Deus Amor, foi mandado a terra, como uma oportunidade que aquele Amor sempre dá, para que pudesse se recompor, mesmo que isto seja impossível, como é sabido. Enfim, no Armagedon, ele sucumbirá, de vez. E, com ele, estarão todos quantos assimilam-lhe a terrível estratégia, a do sacrifício de um homem-divino ou de um divino-homem, Cristo-Jesus ou Jesus-Cristo. Ser crístico, quão difícil é, porque não é, em tal condição, algo manifesto ou que se manifesta. É, antes, o mistério de um milagre permitido por Deus. O crístico, então, não se pega, não se sente, não se vê, mediante sentidos que são próprios da carne; e o crístico é espírito, espiritualidade que, entretanto, tem assento a partir de uma realidade de carne, para a qual ficaram bem prometidos apenas os acréscimos decorrentes daquele eu-espírito que evolui em nascimento novo e que está em diametral posição em relação ao inimigo de Deus. E tal posição é a do serviço, que é o viço-do-ser, ou seja, sem nisto consistir presunção, o processo de agir e fazer, em espírito, como o Nazareno, submisso à vontade do Pai, Pai que do Filho só lhe quer o amor e que tal amor seja compartilhado com todos os seus outros filhos, dos tantos eus que, enfim, se transformam em D-eus… Isso, sem nenhum sacrifício, muito menos de sangue, pois sacrifício é e continua sendo obra de Satanás. Portanto, leitores que eu os possa ter (será que eu possa tê-los mesmo na eficiência de um amém ou de um assim seja?), cuidado, muito cuidado, pois o escriba que ora escreve e os meus e os seus olhos também, caros leitores, são carne, enquanto a garantia do milagre, que é mistério, somente pode vir da parte de Deus. Não os posso enganar (ou posso?), ferindo-lhes o calcanhar. Examinem, por isso, estas palavras, até que se garantam, em espírito, da promessa que Deus garantiu a cada eu, em somatório que os transformem em D-eus! Pois a estratégia de Satã continua…”. Então, agora que eu mostrei o tal texto e ressaltei que ele me causou surpresa, eu vejo que essa surpresa hoje para mim não existe, porque eu tive o cuidado de parar para pensar e refletir em tudo quanto ficou dito no referido texto. Eu não pretendia ferir ninguém, ninguém carimbado com o nome de cristão. Eu ressalto a necessidade de, em matéria religiosa, a espiritualidade, como ponto central, não admitir a sua mistura com coisa nem com coisas. Fazendo assim, se sai do que é do céu, para persistir no apego desmedido com o que é da terra . E essa coisa que é coisa que sou eu propriamente, este que está teclando agora aqui neste tablet a respeito de estratégia (de Satã) não tem como se largar, por si próprio, da sua realidade de carne, de músculos, de nervos, de ossos, que é terra (Jó, 1, 7, Romanos, 7, 14-25, 1ª Pedro, 5, 8, 1ª João, 5, 19, parte final). Então…, Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam ações como a do bom samaritano (Lucas, 10, 30-37); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, por suas mãos, se dispõem a encher talhas que podem conter água que se transforma em vinho (João, 11, 1-12, especialmente o versículo 7); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo,  encarnam a determinação de retirar pedra e abrir sepulcro de quem ali jaz morto há dias (João, 11, 39-44, especialmente os versículos 39 a 41); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que se aceitam sucumbidos, pela própria força bruta aparentemente suicida, destruindo edificação inimiga e, com ela, os que nela se encontravam em diversões e zombarias (Juízes, Capítulo 13 e seguintes); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que aceitam a ordem e lançam suas redes de pesca à direita do barco (João, 21, versículos 1 a 6); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que, de fugitivos, aceitam-se obedientes para falarem de Deus (Jonas, Capítulos 1, 2 e 3); Deus querendo, o homem e a mulher,   habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que não se deixam recriminar por um “vade retro, satanás”(Marcos, 8, versículos 27 a 33); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que não precisam ver para crer (João, 20, versículos 26 a 29); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que adocicam, por meio de salmos, o coração devorado por violências e guerras (Salmos, de 1 a 150, apesar de 1 Samuel, Capítulo 18, versículos 25 a 27, apesar de 2Samuel, Capítulo 11, versículos 1 a 27 e muitos outros episódios violentos); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo,  encarnam os que se reconhecem com pecado e, por isso, nunca atiram nem a primeira, quanto mais tantas outras pedras (João, 8, versículos 2 a 11, especialmente o versículo 7); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que aceitam, mesmo após duvidar, por vezes, banharem-se em água prometida como de cura (2Reis, 5, versículos 1 a 14); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que são batizados, em água, de religiosos processos e que fazem diminuídas as tensões de maldades por respeito aos benéficos efeitos de chacras, em sua dimensão corpórea e psíquica (1Pedro, 3, versículo 21); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que tentam levar de vencida o ego e esperam superar tentações (Mateus, 4, versículos 1 a 11); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que tentam conduzir-se por sendas bem-aventuradas (Mateus, 5, versículos 1 a 48); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que se comportam como ovelhas que aceitam pastores de lobos por eles pastores presos (João, 10, versículos 1 a 15); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que não se fazem pródigos, porque tentam uma vida de respeito aos estágios naturais dela (Lucas, 15, versículos 11 a 32); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que, ao darem uma esmola, tentam não permitirem anunciar, por trombetas, a satisfação do seu ego (Mateus, 6, versículo 2); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que aceitam não serem dignos de entrarem e cearem com Jesus (Apocalipse, 3, versículo 20); Deus querendo, o homem e a mulher, habitantes do imenso derredor do jardim primevo, encarnam os que consideram relevantes as ações (como está em Mateus, 25, versículo 35) em favor de quem tem fome (de todo tipo de fome), de quem tem sede (de todo o tipo de sede), de quem está nu (de todo o tipo de nudez), de quem está preso (de todo o tipo de prisão), de quem está doente (de todo o tipo de doença)…

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